O FUNERAL DO KIRCHERISMO PELA VONTADE DO ELEITOR!
A) TODOS OS INSTITUTOS DE PESQUISA ERRARAM REDONDAMENTE! OS DOIS COMANDOS/CHEFES DAS CAMPANHAS DOS CANDIDATOS (SCIOLI E MACRI) ERRARAM REDONDAMENTE!
Os Institutos davam 38% para Scioli e 30% para Macri. No sábado, a campanha de Scioli dava em torno de 40% a ele e quase 30% para Macri. A campanha de Macri dava 38% para Scioli e 32% para Macri. Na Província de Buenos Aires, 40% do eleitorado, feudo do peronismo, venceu a candidata de Macri, que era sua secretaria social na Capital. No final, a eleição presidencial terminou com quase empate: Scioli 36,7% e Macri 34,4%. Leia abaixo a análise dos candidatos na véspera.
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B) ARGENTINA: REUNIÕES COM OS CHEFES DE CAMPANHA NA VÉSPERA (24) DA ELEIÇÃO! O QUE PENSAVAM!
Reuniões foram fechadas com observadores internacionais selecionados pela Fundação de Estudos Políticos e Sociais.
I. DESTAQUES DA REUNIÃO COM TELERMAN, CHEFE DE CAMPANHA DE SCIOLI!
Mostrou-se tranquilo, risonho, irônico e otimista.
1. (Scioli, ontem à noite, na TV, voltou a mostrar intimidade com DILMA): Mostra que é um líder com vínculos regionais. Mostrar proximidade agrega. Problemas do Brasil não interferem em
nada nas eleições.
2. Eleição histórica: haverá mudança política importante. Mudam os protagonistas.
3. Ser candidato oficialista facilita e traz inconvenientes depois de 12 anos. Scioli é o líder que propõe substituir e avançar.
4. Uma vez escolhido candidato houve unidade do peronismo.
5. Tracking de hoje deu 11 pontos sobre Macri e 1 ponto dos 40%. Se a diferença for de até 1 ponto a apuração continuará por pelo menos 2 dias.
6. Scioli tem uma enorme disciplina. Não pode cometer erro e não cometeu.
7. Há uma mistificação dos debates. Não são tão importantes assim. É mais simbólico.
8. Há um desinteresse crescente pela eleição pela percepção que governos não vão resolver os problemas.
9. Scioli é independente de Cristina. Esse foi o nosso principal problema de comunicação. Mostrar que Scioli não será mandado por Cristina. Por isso, apresentou seus ministros que não são cristianistas.
10. Scioli tem capacidade de diálogo, harmoniza com as demandas da época e é gradualista.
11. Há uma expectativa relativamente otimista com o futuro da economia. É o candidato, é bom de campanha.
12. Política externa regional e China são prioridades.
13. Maldição: nunca um governador da Província de Buenos Aires foi presidente eleito. Scioli vai interromper está maldição. Governador de Buenos Aires sempre teve atrito com presidente. São 40% dos eleitorado.
14. Estratégia Chave da Campanha: CONSTRUIR SOBRE O CONSTRUÍDO.
II. DESTAQUES DA REUNIÃO COM DEPUTADA PATRÍCIA BULRICH, DO COMANDO DA CAMPANHA DE MACRI!
Mostrou-se tranquila e politicamente densa.
1. Sistema político argentino desarticula e fragmenta. Até 1983 o sistema era lógico: UCR e PJ. Ditadura fragmentou. Política de coalizões. Tem que se aderir às coligações para se ter chance. E não em partidos. Aparto do governo tem proeminência. Essa eleição 2015 é uma exceção. Todas as tentativas de terceira força fracassaram e se submeteram as coligações. Terceira via é um cemitério de partidos.
2. Panorama da América Latina é negativo. Macri vai romper com isso. Quebrar a tendência de permanência de quem governa. Argentina aderiu à linha chavista. Kirchner tem um teto eleitoral. Scioli não é representante claro do kircherismo. Nós, do Cambiemos, temos uma gestão exitosas no DF. Argentina: lógica da confrontação amigos x inimigos, continuidade x mudança. UCR, partido de maior tradição na Argentina e que faz parte de Cambiemos, nunca terminou um governo que começou em função da oposição ferrenha, inclusive do peronismo após anos 40. Scioli governaria com PJ na frente. Isso pesa. Elisa Carrió se somou a Cambiemos, mas como independente. Cambiemos é uma coalizão Não-Peronista. Massa é candidatura dissidente do PJ.
3. Cambiemos é uma força para disputar eleição presidencial. Consideramos que Scioli não chegue a 40% nem Massa troca com Macri. Há uma diferença de 7 pontos entre Scioli e Macri. Teremos segundo turno pela primeira vez. Problemas maiores na campanha: resistência do eleitor a um empresário presidente. Força dos subsídios sociais do PJ/Kirchner. Superamos estes pontos: 1) Unir os argentinos; 2) Programa pobreza zero; 3) Combate ao narcotráfico. Peso eleitoral da Província de Buenos Aires: 40%. Nossa candidata Maria Eugenia pode vencer aí. Nos chamam de suaves. Para Cristina não se sabe o que queremos.
4. Eleitorado se divide em 3 partes: 20% de kircheristas, 20% de anti-kircheristas e 40% oscilante entre os 2. Margens são estreitas. Em que proporção eleitor quer mudança? Para política argentina democracia precisa de inimigos para avançar. Dialética tem sido Kircheristas x Não-Kircheristas, Populistas x Republicanos. Confusão político-ideológica na Argentina. Contradição principal: ter base mais aberta, republicana. Assim, não são tantas as diferenças internas no Cambiemos. Fundação Pensar mantém mais de mil profissionais trabalhando no programa de governo. As ideias fluem com dificuldade porque o aparato comunicacional do governo obstrui.
5. Massa optou por propostas tipo mão dura para público específicos: exército contra narcotráfico e controle da imigração de bolivianos e paraguaios. Governo esgotou seu repertório. Aí estão inflação, estagnação, crise de divisas, comércio externo. Propaganda do governo foi chamar de neoliberais as alternativas. Optamos por propor políticas de médio e longo prazo, saindo desse nó político: economia, segurança… Campanhas têm menos importância do que imaginamos. Anos 90 ainda são demonizados. Massa tem cruzamento de 90% com peronistas. Teve defecções que voltaram ao peronismo como deputado Narvaez. Massa tem voto mais próximo de mudança que continuidade.
6. Macri presidente, Massa pode disputar liderança do peronismo. Estamos atraindo candidatos de menor votação. Houve perplexidade quando Macri inaugurou estátua de Peron. Mas passou rápido. Não perdemos nosso voto duro. De La Sota é importante e está integrado a nós. Com Macri presidente, Massa poderá dar ao sistema mais racionalidade. Hoje, parlamento argentino tem 43 blocos. Saindo Kircherismo, a tendência é haver alinhamento de governadores com seus deputados. Hoje eles são dependentes do governo federal. Mesmo vitória de Scioli quebra continuidade e força do Kircherismo. Cambiemos terá 90 deputados com esta eleição intermediária de 50%. Precisamos atrair mais 40. Vamos costurar coalizão parlamentar.
7. Nossos ministeriáveis são segredo, ao contrário de Scioli e Massa. Argentina é dividida socialmente no voto: de cima para baixo anti-peronismo e de baixo para cima! peronismo. Sempre foi assim. Essa será a primeira vez que peronismo terá menos que 40%. Kircherismo entrou nos setores culturais, que parte vota desgarrado em Scioli. Eleitor rejeita a política mas, no final, votam 85%. Essa eleição será assim pela disjuntiva oferecida. Pós-eleição, ambiente será de menos confrontação. No parlamento não haverá maiorias. Scioli dialoga e é moderado. Como será sua relação com parte de sua base que quer confronto?
8. Há que construir o sistema de mídia sem intervenção. Scioli poderia fazê-lo se a intervenção é kircherista? Economia não foi o tema central das campanhas. Mas sinalizamos que é preciso acabar com os “cepos” do dólar e de produtos de exportação, que derrubaram as reservas e as exportações, e inflação a 30%, falta de financiamento em função dos fundos abutres. O único ponto favorável hoje é o baixo endividamento. Crise energética. Hoje importamos US$ 14 bilhões de gás quando antes exportávamos.
9. Nossas medidas serão graduais: terminar os “cepos”, ter uma só moeda, ir cortando as retenções, Política Externa. Única restrição será ao bolivarianismo. Dilma mostra o que pode nos passar com Scioli. Nossa pesquisa de ontem: Scioli 38,3%, Macri 32,8%, Massa 17,1%. Segundo turno Macri 52% Scioli 48%.