26 de junho de 2013

ANÁLISE DAS REDES SOCIAIS: SOCIEDADE SIMULADA E MARKETING DE GRANDE SEMEADURA!

A. Estudos realizados por Alexandre Hannud Abdo -cientista molecular pela USP, doutor, em colaboração com o departamento de sociologia da Universidade Columbia (EUA)- sobre redes complexas e dinâmica de influências sociais, mostram de que forma as redes sociais se multiplicam. A sinergia com a TV produz um multiplicador ainda muito maior. Toda a cobertura dos escândalos nos últimos 2 anos e meio pela TV, relidos a cada dia, pela lógica das redes sociais, produziu um alcance muito maior que a audiência da TV e de muito maior atenção e focalização. E hoje estão nas ruas. E não vão parar tão cedo. Certamente produzirão em 2014 um forte movimento por abstenção ou voto nulo. Os trechos abaixo são de um longo artigo de Abdo no antigo suplemento “Mais” da Folha de SP.

B. (Alexandre Abdo) 1. Sociedade simulada. Um experimento, puramente virtual, porém direto ao ponto, foi a simulação da difusão de comportamentos em sociedades virtuais regidas pelo modelo limiar. Dessa vez, além de reproduzir as propriedades esperadas, pôde-se finalmente analisar o papel da estrutura das relações sociais. Partindo de redes com conexões escolhidas para imitar a sociedade, cada simulação elegia aleatoriamente um indivíduo para iniciar a difusão e observava a participação diferencial de tipos de indivíduos ao longo do processo.  O modelo tem parâmetros para regular os limiares e a estrutura da rede, e Duncan observou ali que, exceto por uma faixa muito estreita dos parâmetros, a participação de indivíduos muito conectados era indiferente ao sucesso da difusão. De fato, difusões iniciadas por indivíduos comuns poderiam até ter maior chance de espalhar-se que as iniciadas pelos muito conectados, ainda que estas por sua vez pudessem atingir um grupo maior.

2. Esses resultados estimularam-no a publicar, com Jonah Peretti, veterano de campanhas boca a boca pela internet, uma alternativa a esse tipo de propaganda. Apelidada de “big seed marketing” [marketing de grande semeadura] e com foco em pessoas comuns, ignorando hipotéticos influenciadores, a ideia consiste em utilizar meios de comunicação de massa para atrair um número grande de participantes quaisquer e então incentivá-los a passar a mensagem adiante, o que a internet torna muito barato. As implementações dessa estratégia por Peretti geraram retornos robustos de duas a quatro vezes a audiência inicial pela qual se pagou -um bom negócio, ainda que distante da promessa de conquistar o mundo com influenciadores.

3. Por fim, simulações realizadas em nosso trabalho conjunto, com modelos de difusão mais complexos e múltiplos iniciadores simultâneos, permitiram destacar algumas características importantes da interação entre indivíduos e a mensagem sendo difundida, que ressaltam ou afundam a viabilidade de estratégias baseadas em indivíduos excepcionalmente conectados. Dentre elas, destaca-se o nível relativo de envolvimento necessário na transmissão.  Esses indivíduos podem ser relevantes quando toma menos tempo transmitir que receber influência, mas são gargalos para a difusão quando custa mais transmitir e tornam-se indistintos quando os tempos são próximos. Curiosamente, a primeira dessas alternativas é geralmente aquela em que a mídia de massa faz um bom trabalho e a estratégia de “big seed” será mais promissora, podendo estar os influenciadores um tanto órfãos de aplicabilidade.

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VEREADOR CESAR MAIA: PRONUNCIAMENTO, ONTEM (25), NA CÂMARA MUNICIPAL!

(Diário Oficial, 26) O SR. CESAR MAIA – 1. Vereador, vou reforçar o que V. Exa. disse. Que, num momento crítico como este, é natural que dentro dos Partidos as opiniões oscilem. Agora, o mais curioso é quando um dirigente do PT oscila dentro dele mesmo! Quem? A Presidente Dilma Rousseff, que, ontem, propôs um plebiscito para uma Constituinte e agora, há duas horas, reunida com o Presidente da OAB, voltou atrás! Ela não quer mais a tal da Constituinte e o tal do Plebiscito!

2. Ora, eu fico pensando, do dia 15, nós estamos no dia 26, lá se vão 11 dias. Eu tenho certeza de que todos nós, políticos, os nossos grupos internos nos Partidos, os Partidos se reuniram, discutiram, conversaram, como disse o Vereador Eliomar Coelho, para, afinal de contas, avaliar que quadro é esse. Mas a Presidente da República, cercada de politólogos, sociólogos, assessores, publicitários, dirigentes partidários, atrai a nossa atenção, vai ao Jornal Nacional, ao Jornal da Record, ao Jornal do SBT, ao Jornal da Bandeirantes e informa a todos nós que haverá uma Constituinte e um plebiscito.

3. Ontem, eu fui solicitado pelo meu Partido para opinar sobre as medidas e, hoje, abri o meu Ex-Blog, e o primeiro item da nota trata de reforma política: Dilma propõe uma Constituinte específica. Constituinte para reforma política foi o expediente que o Chávez usou na Venezuela, sendo depois copiado por Rafael Correia, no Equador, e Evo Morales, na Bolívia. Essa foi uma discussão interna, nossa, já de noite, a posição, pelo menos da direção do Partido, correspondia a essa avaliação, com relação a essa proposta. Isso, com 4 ou 5 horas da Presidente Dilma Rousseff fazer a sua proposta.

4. Agora, eu me pergunto: Se ela, mesmo com a sua equipe de ilustrados, de intelectuais, de políticos, de publicitários que testaram a proposta, que submeteram através de vídeo a um grupo de pesquisa qualitativa, e 12 horas depois, a Presidente da República recua da proposta?! Só posso chegar a uma de duas conclusões: Ou ela está completamente transtornada, abalada com esse quadro, ou ela se sente acuada! Ou, as duas coisas!

5. Se é para fazer emenda constitucional, a melhor de todas é aquela proposta, na Constituinte, da qual eu fiz parte, com muita honra, pelo Deputado Constituinte Lisâneas Maciel, do Rio de Janeiro. Ele propôs – e perdeu por pouco! – incluir um sistema de recall, ou maioria congressual, ou de apoiamento pela qual uma certa porcentagem dos eleitores, em qualquer nível de Governo, se poderia votar o recall do Executivo. Acho que está na hora, está na hora de, se se quer fazer emenda constitucional, que siga a proposta do Deputado Federal constituinte do Rio de Janeiro, Lysâneas Maciel, e que se inclua na Constituição Brasileira o sistema de recall. Neste momento, o plebiscito de que se precisa é o plebiscito do recall da Presidente da República para saber se ainda conta um respaldo para concluir seu período de mandato. Apenas isso, Sr. Presidente.

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MINISTRO DO STF DIZ QUE PROPOSTA DE DILMA É RECAÍDA CHAVISTA!

(Folha de SP, 26) O ministro Gilmar Mendes, do STF, criticou a proposta de um plebiscito para a convocação de uma constituinte sobre reforma política. “O Brasil dormiu como se fosse Alemanha, Espanha ou Portugal, em termos de estabilidade institucional, e amanheceu parecendo com a Bolívia ou a Venezuela”, disse. “Ficar flertando com uma doutrina constitucional bolivariana não é razoável, não é compatível. Nós temos outras inspirações”, disse Mendes, referindo-se à estratégia de Hugo Chávez, presidente venezuelano morto neste ano, que recorria à realização de plebiscitos com frequência.

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A CÂMARA DE VEREADORES DO RIO, ONTEM!

(Coluna Berenice Seara – Extra, 26) Governistas apanham mais que a seleção do Taiti. Governistas apanham mais que a seleção do Taiti. O rolo compressor da Prefeitura do Rio na Câmara de Vereadores pifou — algo raro de acontecer — e a oposição deitou e rolou na sessão de ontem.  Com cerca de 200 manifestantes nas galerias, exigindo a instalação da CPI dos Ônibus, nenhum aliado do prefeito Eduardo Paes (PMDB) se arriscou a encostar no microfone.  O líder do governo, Luiz Antônio Guaraná (PMDB), estava na Casa, mas sequer apareceu no plenário para defender a prefeitura. Por duas horas, a oposição descascou o governo. O líder do PMDB, Professor Uóston, que havia qualificado as manifestações nas ruas como “politiqueiras”, também não deu o ar de sua graça.  O único governista que não apoia a CPI a permanecer toda a tarde no plenário foi Eduardo Moura (PSC) — mas ele ficou quietinho em sua cadeira…  Assustados.

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PORTAL IG EM 18/01/2012: CESAR MAIA PREVÊ FRACASSO NOS NEGÓCIOS DE EIKE BATISTA!

O ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) postou hoje em sua news letter eletrônica, sobre os negócios do empresário Eike Batista:

1. Nas décadas recentes, as empresas e grupos econômicos realizavam suas reuniões estratégicas procurando responder à pergunta: Qual é o nosso negócio? O objetivo era ter foco e evitar um espalhamento da ação empresarial que provocasse um descontrole na gestão em longo prazo. E isso se tornou básico nos últimos 20 anos, quando o fundamental da concorrência passou a estar na inovação, seja de tecnologia, processo ou produto, num mercado sempre mutante e exigente.

2. Um exemplo. Na metade dos anos noventa, o Grupo Globo decidiu focalizar “Comunicação e Tecnologia da Informação”, o que já é um amplo campo para pesquisa e desenvolvimento, de mercado e de tecnologia. E vendeu as demais empresas do grupo, todas lucrativas, de geleia de mocotó à construtora.

3. Mas o empresário Eike Batista contraria totalmente esse principio. Está em mineração, petróleo, estaleiro, siderurgia, hotéis, shopping, equipamentos de lazer e esporte, etc. Seu livro é campeão de vendas.

Das duas uma:

a) ou aquele princípio de macro-focalização dos negócios está superado e o empresário Eike introduziu a ideia de espalhamento sem foco dos negócios e está certo;

b) ou esse espalhamento sem foco do sr. Eike Batista não vai dar certo em médio e longo prazos.