26 de fevereiro de 2018

A DEMOCRACIA E O RIO!

(Jornal do Brasil, 25) 1. Listar os momentos em que o JB liderou mudanças no jornalismo brasileiro é tarefa simples. Mudanças de todo o tipo de forma e de conteúdo e de inovação como com o caderno B. Ao fazer um levantamento e destacar entre estes momentos os que produziram maior impacto político, especialmente no Rio, é inevitável lembrar as eleições de 1982 para governador do Rio.

2. A expectativa de fraude eleitoral foi antecipada pela coluna Informe JB. E o Jornal do Brasil e a Rádio JB se prepararam para uma eleição que seria um marco, uma fronteira no processo democrático. As pesquisas de opinião mostravam um resultado indefinido, especialmente pela mudança orquestrada pelo regime autoritário.

3. A obrigação de vinculação dos votos entre os candidatos a Governador, Deputados e Senador de um mesmo partido poderia impactar a votação dos candidatos a governador com maior peso popular.

4. Este argumento serviu de justificativa para uma eventual identificação de fraude.  Ao tempo que os resultados das urnas eram divulgados no Rio, construía-se a sensação que o candidato do governo militar seria vencedor.

5. O Jornal do Brasil e em especial a Rádio JB decidiram fazer uma apuração paralela voto a voto. Os resultados oficiais iam surgindo de um lado e os resultados apurados pela Rádio JB e divulgados pelo Jornal do Brasil, do outro. Eles não coincidiam.

6. Os arquitetos da fraude tentavam justificar seus números através do que chamaram de Diferencial Delta. Ou seja, as pesquisas pre-eleitorais que apontavam Brizola na frente poderiam estar certas mas com a vinculação do voto e o menor nível de instrução dos seus eleitores, a vinculação levaria a erros e assim à anulação de votos de Brizola.

7. A Rádio JB somava nas mesas de apuração os votos já incluídos nas planilhas, o que eliminava a lógica do Diferencial Delta. O Jornal do Brasil e a Rádio JB bancaram seus números que convergiam pela apuração feita pela candidatura de Brizola. Estabeleceu-se um quadro de incertezas que passou a ser coberto pela imprensa internacional.

8. A postura inflexível do JB levou o TRE a convocar os responsáveis pela apuração oficial e pela apuração da equipe de Brizola. Era -como afirmaram Procópio Mineiro e Peri Cota do JB- uma conta de somar e portanto não havia como a apuração do JB estar equivocada.

9.  O TRE determinou a recontagem com a divulgação da listagem urna a urna. A fraude ficou estampada. Os números do JB eram os corretos. A democracia foi salva e garantida, no principal palco político do Brasil na época.