REUNIÃO DA UNIÃO DE PARTIDOS LATINO AMERICANOS (UPLA) – 23-24/ DE ABRIL 2018, EM BRASÍLIA!
1. NICARÁGUA
Rebelião popular contra Reforma da Previdência. A grande participação de jovens indica que a mobilização foi além da reforma da previdência. Repressão matou 30 manifestantes. Governo Ortega recuou da reforma e há sinais de desestabilização.
2. BRASIL
Deputado José Carlos Aleluia apresentou o Instituto Guimarães (IG), que tem realizado pesquisas para o DEM. IG apresentou a metodologia que utiliza e elementos do cenário eleitoral e enfatizou os espaços abertos para um candidato à presidência com perfil conciliador, fora da polarização Bolsonaro x PT. Aleluia enfatizou a imprevisibilidade das eleições deste ano. Apresentou a situação paradoxal da economia brasileira estar indo bem com as reformas e a impopularidade do presidente Temer.
3. ALFREDO KELLER. Consultor.
3.1 Esquerda na América Latina vem destruindo o processo eleitoral democrático. O esquema dito bolivariano funciona como uma máfia no poder. Atenção ao México que pode eleger o populista de esquerda Lopez Obrador. A situação geoeconômica-politica, fronteira EUA-México, dependência econômica, pode inibir aventuras. De certa forma, a corrupção fez parte da competição Chávez x Lula por hegemonia na América Latina. Em certos momentos esta disputa se fez clara, como na reunião de Lula com países árabes que Chávez não foi convidado. Popularidade de Chávez, mesmo falecido, se mantém em 50%. Populismo hoje na América Latina tem legitimação cultural-religiosa. A política deles é de cultuar crenças. Uribe é o único líder no campo de centro-direita que confronta o chavismo. Piñera foi brando no primeiro governo e promete uma nítida diferenciação agora.
3.2. UPLA precisa ter uma visão geopolítica. As eleições são apenas um dos vetores de enfrentamento do populismo na América Latina. A deslegitimização e a aplicação rigorosa da lei, sem receio, são outras. América Central, Equador, Argentina, Brasil, Peru, além da Venezuela, mostram isso.
3.3 Atenção aos elementos estruturais que permitiram a ascensão do chavismo, do populismo: 1) problemas estruturais; 2) Assistencialismo que explora ressentimentos sociais; 3) Débeis sistemas educativos. Educação informal passou a ser tão ou mais forte que a formal (escolas…); 4) Explorar alergia pública à iniciativa privada; 5) Estruturas políticas só eleitorais e parlamentares; 6) Debate político de espetáculo potencializado pelas redes sociais; 7) Vulnerabilidade à corrupção e a impunidade.
3.4. Causas Conjunturais. 1) Surgimento de lideranças carismáticas, inclusive construídas em laboratório. Sala situacional de Havana é um exemplo; 2) Relatos sobre a pobreza; 3) Para eles só se consegue ascender por relações com o governo; 4) Uso hábil dos símbolos e da pós-verdade, e linguagem para as diferenças. Direita foi atraída por essa simbologia; 5) Uso Interno do medo; 6) Muito dinheiro da corrupção; 7) Ausência por muito tempo de uma frente democrática internacional; 8) Descolamento entre a questão popular e o sistema.
3.5. ERROS. No campo particular não se consegue competir. Ilusão com a nova esquerda. Ilusão que integração da América Latina não gera riscos. Falta de líderes alternativos. Discurso passivo: Esperemos que isso vai passar. Desalinhamentos entre prioridades e comunicação (segurança jurídica, etc.?). Pesquisas mostram na Bolívia e Venezuela insatisfação com a democracia. O que o sistema oferece e o que as pessoas demandam. Perdas de valores e rejeição à política.
3.6. CHAVISMO definitivamente derrotado? Não, por enquanto a situação é transitória. Há que reestruturar. A democracia deve ser rentável aos pobres. Reforçar sistema educacional. Manter viva a imagem demagógica do socialismo bolivariano. Reconstruir partidos políticos. Renovar lideranças. Esquerda quer se apropriar da luta contra a corrupção. Frente internacional de defesa da democracia. Brainstorm para conformarmos um novo relato. Esquerda tem uma intelectualidade dedicada a se repensar.
Obs1. Diferença entre proteção social e promoção social.
Obs.2. Na Espanha, Ciudadanos cresce mais que Podemos e se aproxima do PP. Renovação do PP é inevitável.
Obs.3. Os políticos não morrem.
Obs.4. Agenda da Sociedade Civil por cima da do Estado.
Obs.5. Guatemala sendo auditada pela ONG internacional CICI, referendada pelo Congresso. Grave.
4. NOVOS DESAFIOS PARA AMÉRICA LATINA
Desafios.
4.1. Reconstrução da institucionalidade democrática e da republica. Desmonte do populismo. Populismo não é republicano. Não há separação dos poderes. Retomar o Estado de Direito. Retomar as liberdades de expressão e iniciativa. Revisão do presidencialismo e da reeleição. Reeleição estanca os países. Direitos humanos para a esquerda é superoferta ilusória contra a pobreza. É uma bandeira que serve para qualquer coisa. Problema que se tem com estes relatos. Criaram mitos. Há que se criar um novo relato. Afetada a mobilidade interna dos partidos. Crescimento da delinquência.
4.2. Luta contra a corrupção. Vários presidentes acusados e condenados. Não é só Odebrecht. Veja FIFA, etc. Corrupção é um tema internacional que coloca em risco a própria soberania dos países. Na Guatemala, a organização internacional CICI, aprovada pelo Congresso, funciona como auditoria das instituições. Honduras, seguindo no mesmo caminho. Grave. Afeta a soberania das instituições.
4.3. Financiamento dos partidos políticos e das eleições. Financiamento legítimo e transparência.
4.4. Grupos evangélicos funcionando como partidos. Têm mais influência que Igreja Católica nos setores populares. Representam mais que 20% dos eleitores. Apoiam populista Lopez Obrador para presidente do México.
4.5. Redes Sociais são também uma nova forma de arranjo político. Há que regular.
4.6. Motivação à participação política. 1/3 das pessoas não participam: base da antipolítica. Abstenção maior que 30%.