BRASIL: O LONGO PRAZO É O CURTO PRAZO! 2018 É HOJE! QUEM PODE SER O NOSSO ADOLFO SUÁREZ?
1. Fica a cada dia mais evidente que o governo Dilma acabou e que não haverá nem impeachment nem renúncia. Até porque, entregar a um outro governo as gavetas antes dessas serem garantidas e completamente limpas, seria suicídio político e jurídico.
2. Em relação à economia, o ponto chave passou a ser a proporção da Dívida Pública em relação ao PIB, pois será este o horizonte para investidores externos. Este ano, essa proporção crescerá. Com um déficit em conta corrente de 4% do PIB, a necessidade de recursos externos é o oxigênio na CTI. Para tanto, o triângulo -superávit primário, juros reais e crescimento do PIB- definirá o prazo da crise econômica. 2015 e 2016 –nesses sentido- são anos perdidos.
3. Se Deus ajudar, 2017 poderá ser um ano para apenas se colocar o nariz fora da linha de água. 2018 é um ano eleitoral, certamente de mudança política de governo, e, assim, na melhor hipótese, será um ano de transição.
4. Do ponto de vista político o impasse é total. O governo conta com 30% dos votos na Câmara de Deputados. Os presidentes da Câmara e do Senado atuam sob constrangimentos. Não há um líder-comandante nessa conjuntura. Os partidos relevantes não conseguem unidade interna. As ruas, as pesquisas e as redes sociais mostram impaciência e rejeição. A cada dia uma surpresa. “Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal.” (Mateus 6:34).
5. Os Pactos de Moncloa, na Espanha, contaram com o Rei Juan Carlos representando o Estado e impessoalidade partidária. E com o deputado Adolfo Suárez que -em 1 ano e meio de reuniões sistemáticas com os partidos, iniciada com resistências até à monarquia constitucional-, com seu talento, costurou simultaneamente um acordo econômico efetivo e um acordo político-institucional.
6. Neste momento, no Brasil, 2018 é o curto prazo, quando um novo governo carregado de legitimidade, esperança e otimismo, poderá abrir um novo ciclo para o país. Esses 3 anos que restam serão anos de arrastre, onde, na melhor hipótese, as posições defensivas e pacientes deveriam prevalecer.
7. Numa política inorgânica como a nossa, na ausência de partidos programáticos, as lideranças consensuais são fundamentais. Quem poderá ser o nosso Adolfo Suárez, capaz de sentar na mesa com “falangistas, comunistas, socialistas, liberais…”? Os exaltados da oposição de hoje não o poderão ser, porque a mesa seria quebrada.
8. Hoje (quem sabe amanhã?), só há um político cuja confiabilidade, suavidade e experiência poderia cumprir o papel de Adolfo Suárez: o governador Geraldo Alckmin.
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“O GOVERNO QUEBROU O ESTADO”!
(Valor, 21) 1. O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, fez duras críticas ao governo em entrevista ao jornal Valor Econômico. Segundo ele, “quebraram o Estado […] Estragaram a macroeconomia e deterioraram a micro”, disse ao se referir à perda da capacidade de o país crescer e à situação dramática de setores como os de Energia Elétrica e Petróleo e Gás.
2. Para ele, o setor de Energia só não entrou em colapso, porque o País está em recessão, enquanto a área de Petróleo e Gás já estava padecendo das revelações do esquema de corrupção na Petrobras, investigadas na Operação Lava-Jato, e, mais recentemente, sofre com a queda brutal do preço do óleo no mercado internacional.
3. Armínio destacou que o Brasil está em uma crise profunda: recessão, desemprego crescente, alto grau de incerteza e paralisia dos investimentos. Os Estados também estão quebrando, segundo ele, que apontou que o Rio Grande do Sul, que não consegue pagar os salários dos funcionários públicos, “é apenas a ponta do iceberg”. “Nada garante que vai melhorar, mas vai piorar antes de ter a chance de melhorar”, adiantou. E sua projeção já começa a se mostrar correta. Na noite de ontem, o jornal O Estado de S. Paulo destacou que os estados de Sergipe e Mato Grosso do Sul também não pagaram suas parcelas da dívida com a União vencida em 30 de julho. A informação foi confirmada pelo Tesouro Nacional. Com a inadimplência, o Tesouro bloqueou os recursos do FPE. Para Armínio, a área econômica do governo jogou a toalha quando reduziu a meta de superávit primário de 1,1% do PIB para 0,15% e, está claro, agora, que o ano encerrará com déficit. “Ali eles admitiram que não conseguem cuidar da dinâmica da dívida, que é insustentável”.
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“MERITOCRACIA” NA EDUCAÇÃO: MELHORIA NÃO FOI COMPROVADA!
(Antonio Gois – Globo, 25) 1. Política de bônus por resultados aos professores já é adotada em ao menos 11 estados, mas avaliações nacionais são poucas e inconclusivas. No mundo todo, a remuneração por mérito é um dos temas mais controversos nos debates educacionais. Seus defensores argumentam que é uma maneira de valorizar os melhores professores e incentivar os demais a aperfeiçoarem suas práticas. Seus críticos dizem que os mecanismos de avaliação são imperfeitos e injustos, e não resultam em melhoria do aprendizado.
2. O país que mais tem implementado e avaliado essas políticas são os Estados Unidos. Mesmo por lá, a evidência de sua eficácia ainda é fraca. Há redes, caso de Nova York, que até já abandonaram a prática depois de estudos identificarem efeitos nulos no aprendizado. Outras, como a de Washington, seguem apostando na política. Pelo mundo, os resultados mais positivos encontrados até agora estão em países mais pobres, casos de Índia e Quênia.
3. No Brasil, um dos poucos trabalhos já publicados é de autoria de Scorzafave e Cláudia Oshiro. Eles concluíram que, no estado de São Paulo, os bônus geraram ganhos de aprendizado no 5º ano, mas foram nulos no 9º ano, quando os alunos completam o ensino fundamental. Cláudio Ferraz (PUC-RJ) e Barbara Bruns (Banco Mundial) encontraram o oposto ao avaliarem o caso de Pernambuco: impactos positivos no 9º ano, porém nulos no 5º. Para o município do Rio, outro estudo apresentado na reunião da Abave — de Fátima Alves, Gregory Elacqua, Matías Martínez e Humberto Santos — foi também inconclusivo a respeito do impacto da política nas escolas da prefeitura.
4. O que preocupa no caso brasileiro é que a política tem se expandindo rapidamente sem que tenhamos um número suficiente de avaliações rigorosas para corrigir rumos. Como em todo debate fortemente influenciado pela ideologia, haverá sempre quem atacará ou defenderá cegamente o bônus. Mas o que importa mesmo é saber se os alunos estão se beneficiando dele. Para isso, ainda não temos clareza.