O “PRECARIADO”: PESSOAS OCUPADAS COM EMPREGO PRECÁRIO!
(Caderno Prosa – Globo, 19) 1. Diz Guy Standing (Precariado: a nova classe perigosa): Não há números confiáveis sobre isso, mas minha aposta é que na Europa Ocidental, particularmente em países como Portugal, Espanha, Grécia e Itália, e no Japão e na Coréia do Sul, o precariado corresponde agora a mais de um terço da população adulta, enquanto antes da crise era um quarto. O precariado representa a nova classe perigosa por duas razões. Em primeiro lugar todos os seus membros rejeitam as velhas ideologias e os partidos políticos. (…) Em segundo lugar, há uma parte que é transformadora, na medida que quer se tornar uma classe suficientemente unida para ser capaz de impor sua agenda no discurso político, a fim de abolir a si mesma, o precariado.
2. Diz Ruy Braga (A política do precariado no populismo à hegemonia lulista): Esse proletariado precarizado acabou se colocando no centro da relação social em países como a Espanha, Portugal, Grécia, a semiperiferia da Europa… De 2009 para 2011 no Brasil, o número de meses que o trabalhador fica no trabalho caiu de 18 para 16. Os acidentes de trabalho tiveram um aumento exponencial em dez anos, houve crescimento das terceirizações. São indícios claros de que o enorme contingente absorvido pelo mercado foi absorvido em condições reais precárias de trabalho, mesmo que não contratuais.
3. (Ex-Blog) Já temos, por várias vezes, mostrado aqui o tamanho do Precariado no Brasil usando os dados da pesquisa mensal de emprego (PME) do IBGE. Por isso o IBGE não usa as expressões emprego e desemprego, mas ocupação e desocupação. Na PME de agosto, nas regiões metropolitanas RE, SAL, BH, RJ, SP, POA, os considerados ocupados, mas com “rendimento-hora menor que o salário mínimo-hora” eram 14,1% dos “Ocupados”. Os “marginalmente ligados a PEA” eram 2,5% dos “Ocupados”. E as “pessoas subocupadas com insuficiência de horas trabalhadas” eram 1,8% dos “Ocupados”. Vale dizer 18,4% de Precariado. Isso só nas áreas urbanas mais importantes. Na RM de Recife e na RM de Salvador, aqueles 18,4% citados acima são 37%, um número abissal. Um precariado maior ou semelhante a Portugal, Espanha e Grécia, citados pelos autores.
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GOVERNOS PÚBLICOS E GOVERNOS… PRIVADOS!
Discurso do Vereador Cesar Maia em 17/10 sobre Governos Públicos e Governos…, Privados, apresentando comerciais.
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“QUEM COLECIONOU TANTA IMPROPRIEDADE ASSIM?“
(Trecho com Cesar Maia na matéria sobre Cabral na Revista Piauí deste mês) 1. Numa tarde de agosto, o vereador e ex-prefeito Cesar Maia, do Democratas, despachava em seu gabinete na Câmara Municipal. Vestia uma camisa listrada de branco e azul e tinha uma gravata vermelha pendurada nos ombros como uma echarpe. Assertivo e focado, ele fala rápido, tem o olhar injetado e enormes fios de sobrancelha que apontam para cima como pequenas antenas. Rabiscava o verso de um papel com uma pesquisa do Instituto GPP. O levantamento de opinião pública mostrava que, três meses antes dos protestos, mais de 60% da população não sabia citar uma realização do governo Cabral.
2. Cesar Maia enumerou o recheio do “imaginário popular”, citado por Cabral. “Vamos lá”, começou, “gastos exorbitantes na festinha de sorteio da Copa do Mundo, construção de estádios, a boa vida, viagens para o exterior, ligações promíscuas com Eike, Cavendish, guardanapo, helicóptero, marquetagem, relação péssima com os servidores públicos, catástrofe na serra fluminense e ele sempre viajando, Amarildo, vídeo chamando menino de otário, escritório de advocacia da mulher.” Recuperou o fôlego e perguntou: “É bastante, não?”.
3. Segundo ele, os protestos de junho afetaram a imagem de todos os políticos, mas a situação de Cabral era de outra ordem. “A passagem de ônibus foi um tipping point. Com ele, o que houve foi um processo cumulativo, foi a desfaçatez de anos, que estava represada, que veio à tona”, comentou. Para o ex-prefeito, Cabral virou o retrato acabado da ignomínia da política nacional. “Quando a população se vê à deriva, você tem que escolher sua Geni de estimação, um fato ou personagem para aglutinar e canalizar a revolta das pessoas. Ele foi fácil. Quem colecionou tanta impropriedade assim?”, perguntou.
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ARTISTAS PROTESTAM CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES NAS RUAS!
(Monica Bergamo – Folha de São Paulo, 24) 1. Um grupo de artistas se reuniu anteontem, no Rio, na casa de Wagner Moura, para estudar uma forma de protestar contra a repressão policial às manifestações. E também criticar parte da mídia, que, no entendimento deles, estaria “criminalizando” as passeatas no país. Decidiram gravar depoimentos para espalhar um viral na internet. Na reunião, eles ouviram a exposição de advogados ligados à defesa dos direitos humanos. Os profissionais disseram que a polícia, quando é truculenta, acaba aumentando a confusão na rua, gerando reações exacerbadas de alguns manifestantes.
2. Estavam presentes, entre outros, Camila Pitanga, Leandra Leal e o advogado João Tancredo, do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos. Artistas que não estavam na reunião se comprometeram a enviar vídeos para engrossar o movimento.