REDES SOCIAIS E AS ELEIÇÕES PARA PREFEITO DO RIO!
1. Quando a nova lei eleitoral foi aprovada em 2015, o deputado Freixo e sua equipe não se preocuparam com o pouco tempo de TV. Tinham a convicção que a propagação de sua candidatura pelas redes sociais teria um efeito virótico e que o pouco tempo de TV não o afetaria. Confundiram eleição para deputado em seu próprio universo, com uma eleição majoritária, espalhada.
2. Este Ex-Blog, há bastante tempo, vem chamando a atenção para as características gerais e em especial de corte político das redes sociais. As redes sociais são horizontais e desierarquizadas e empoderam o indivíduo e não partidos políticos. São muito mais contundentes e viróticas na crítica, na defesa do não, na denúncia.
3. Na esfera política isso produz dois efeitos. O primeiro é que as redes são eleitoralmente fechadas em seus próprios grupos, em suas próprias tribos. As opiniões circulam dentro de um mesmo globo e geram um entusiasmo centrípeto.
4. O segundo é que a horizontalidade das redes e o empoderamento dos indivíduos funcionam como micropartidos fechados e com baixo poder de contaminação.
5. Aqueles grupos ou tribos -o PSOL como exemplo- prescindem da TV numa campanha eleitoral apenas entre seus membros. Servem nas campanhas de deputados, por exemplo. E assim não têm força de expansão. O PSOL descobriu isso nessa eleição de 2016. Em 2012, os votos que atraiu dobrando sua força eleitoral vieram dos que não queriam votar na reeleição do prefeito e que fizeram o voto útil.
6. Com isso, na eleição para Prefeito do Rio, em 2016, Freixo e sua equipe, mantendo a mesma lógica de antes, usando as redes sociais, estacionaram nesse patamar de mais ou menos 10%. Agora, lutam com todas as forças, próprias de uma campanha tradicional, e contam com os debates na TV para ultrapassar o bloco de todos os candidatos “empatados” em segundo lugar.
7. E se Freixo for para o segundo turno, entrará numa eleição completamente diferente da que contava e contou no primeiro turno: passará a ter 10 minutos de TV. E terá aprendido que será através da TV que poderá sair de seu nicho e se encontrar com eleitores dispersos e espalhados ideológica, política e socialmente.
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REDES SOCIAIS ESTÃO FALANDO PARA ELAS MESMAS NESTA ELEIÇÃO!
(Vinicius Wu, Mestrando em Comunicação Social pela PUC/RJ e idealizador do Gabinete Digital, vencedor de prêmios do Banco Mundial e da ONU – Globo, 21)
1. Candidatos que apostam nas redes sociais para alcançar um número maior de eleitores estão enfrentando dificuldades para colher resultados. Está mais difícil falar para além de suas próprias redes. A mudança promovida pelo Facebook reforça a tendência à formação de “bolhas”, levando as campanhas a falarem para elas mesmas.
2. Essa realidade desafia não apenas as campanhas eleitorais, mas todos aqueles que vislumbram na internet uma possibilidade para a renovação da própria democracia. As eleições de 2016 deixarão um importante aprendizado a respeito das estratégias de campanha em redes sociais e, ao que tudo indica, elas estão longe de ser a panaceia que tornará as disputas menos desiguais.