22 de março de 2013

AS PESSOAS SE REBELAM NÃO QUANDO AS COISAS ESTÃO RUINS, MAS QUANDO SUAS EXPECTATIVAS SÃO FRUSTRADAS!

(Slavoj Zizek, Diretor Internacional do Instituto Brikbeck para a Humanidade – Clarín, 15) 1. Se apenas a Europa está em uma decadência gradual, o que está substituindo sua hegemonia? A resposta é  “um capitalismo com valores asiáticos”, algo que, é claro, não tem nada a ver com os povos da Ásia e tem tudo a ver com a clara tendência atual do capitalismo moderno de limitar ou mesmo suspender a democracia.

2. Esta tendência de modo algum contradiz o elogiado progresso da humanidade, na verdade, é sua característica inerente. Todos os pensadores radicais, de Marx a conservadores inteligentes, eram obcecados com esta pergunta: qual é o preço do progresso? Marx estava fascinado com o capitalismo, com a produtividade sem precedentes produzida por ele; mas insistia que esse sucesso gera antagonismos.

3. Deveríamos fazer o mesmo atualmente: não perder de vista o lado obscuro do capitalismo global que está fomentando rebeliões. As pessoas se rebelam não quando as coisas estão realmente ruins, mas quando suas expectativas são frustradas.  E por isso os comunistas chineses sentem pânico: porque, em média, as pessoas atualmente estão vivendo melhor e os antagonismos sociais (entre os novos ricos e o resto) estão explodindo.

4. A defesa ingênua da pureza de um conceito é um risco: se as coisas derem errado com a aplicação dele, isso não invalida a ideia em si, mas pode significar apenas que não a executamos apropriadamente. Essa mesma ingenuidade  é detectada nos fundamentalistas de mercado da atualidade.

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A “POLÍTICA INTERNACIONAL” DE LULA!

(Folha de SP, 22) 1. Quase metade das viagens internacionais feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após deixar o governo foi bancada por grandes empreiteiras com interesses nos países que ele visitou. Políticos e empresários familiarizados com as andanças de Lula disseram à Folha que ele ajudou a alavancar interesses de gigantes como Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht nesses lugares. Um telegrama diplomático de novembro do ano passado, enviado ao Itamaraty pela embaixada do Brasil em Moçambique após uma visita de Lula, diz que ele ajudou empresas brasileiras a vencer resistências locais ao “associar seu prestígio” a elas.

2. Desde 2011, Lula visitou 30 países, dos quais 20 ficam na África e América Latina. As empreiteiras pagaram 13 dessas viagens. Na última terça-feira, Lula iniciou novo giro africano, começando pela Nigéria, e patrocinado por Odebrecht, OAS e Camargo. O Instituto Lula não informa os valores que recebe das empresas. Estimativas do mercado sugerem que uma palestra no exterior pode render a Lula R$ 300 mil, sem contar gastos com hospedagem, comida e transporte.

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AUMENTA A INCERTEZA COM A ECONOMIA BRASILEIRA!

(Estado de SP, 12) 1. A equipe de analistas do banco Brasil Plural criou um indicador para medir o grau de incerteza na economia brasileira. O termômetro confirma a percepção de investidores e agentes econômicos em geral: a partir de 2010, a incerteza vem crescendo, o que ajuda a explicar a queda de 4% nos investimentos e de 2,6% na produção industrial no ano passado.

2. “O aumento tem algumas razões: a escalada da crise europeia, que atingiu o pico em meados de 2012; a desvalorização do real em 2012; a inflação persistentemente mais alta e consistentes revisões para baixo nos cenários de crescimento (do PIB)”, explicam os analistas.  “Para os agentes brasileiros, o futuro em relação às variáveis macroeconômicas pareceu tornar-se mais incerto”, dizem.

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PORTOS: CUSTO BRASIL! SOJA EMBARCADA NOS PORTOS DE SANTOS E PARANAGUÁ CAI 40%!

(Estado de SP, 22)  1. O volume de soja embarcada nos dois principais portos do País – Santos e Paranaguá – caiu, em média, 40% no primeiro bimestre do ano comparado a igual período de 2012. No complexo paranaense, quase metade da capacidade total de embarque está ociosa. O porto pode despachar 80 mil toneladas de grãos por dia e só está fazendo metade disso.

2. Em Santos, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) afirmou que o embarque está ajustado à capacidade, mas recentemente o diretor de desenvolvimento comercial da Codesp, Carlos Kopittke, afirmou que, após várias reuniões, ficou detectado que alguns terminais estavam operando abaixo da capacidade por causa da dificuldade dos caminhões de chegar até o local de desembarque.

3. Em Paranaguá, até quarta-feira, havia 73 navios esperando para carregar grãos, segundo informou o superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino. Apenas quatro, no entanto, tinham carga completa para fazer o embarque. Outros 18 estavam com carga parcial e 53 ainda não tinham carga, ou porque o produto ainda não havia chegado ao porto ou porque a carga ainda não havia sido negociada. O executivo explica que o volume embarcado foi prejudicado.

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SEM SUPEREGO DE CHÁVEZ E COM PAPA FRANCISCO, ARGENTINA COMEÇA A SE AJUSTAR!  

(Clarín, 21) 1. Depois de ter se alinhado com a Venezuela, Equador e os países da ALBA na ofensiva lançada para enfraquecer a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e sua Relatoria para a Liberdade de Expressão, o governo argentino se alinhou esta semana com o grupo de países que tenta impedir essa ofensiva, que inclui os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Chile, Uruguai e outros.

2. A mudança foi anunciada durante a reunião extraordinária do Conselho Permanente (18), pelo representante interino da OEA, Martin Gomez Bustillo. “Minha delegação vai se juntar ao consenso”, disse. No entanto ainda não está claro o que vai acontecer no dia 22, durante a reunião de chanceleres que será realizada em Washington, com a presença do ministro das Relações Exteriores Hector Timerman.

3. Os países da ALBA, de Chávez, seguem unidos e firmes em sua tentativa de acabar com a autonomia da CIDH e da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão, proibindo seu acesso atual aos fundos provenientes da Europa ou de outras regiões do mundo e organizações internacionais, argumentando que as mesmas não podem ser condicionadas a projetos específicos.

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NO REINO UNIDO, ACORDO PARA SUPERVISÃO DA IMPRENSA ESCRITA!

1. No Reino Unido, o Governo e a oposição selaram acordo para a criação de órgão independente de supervisão da imprensa escrita, seguindo recomendação da Comissão Leveson de Inquérito. Conforme acordado, uma das primeiras missões do novo órgão será a elaboração de código de conduta para a imprensa e o estabelecimento de mecanismos de punição para os meios de comunicação que se recusarem a aderir ao esquema regulador.

2. Até esta semana, apenas três grandes jornais – “Financial Times”, “The Guardian” e “The Independent” – declararam alinhamento com o futuro regulador. A reação negativa de certos grupos midiáticos ao acordo evidencia a continuidade do debate em torno da liberdade de expressão. “Na noite passada, o Parlamento decidiu que 318 anos era tempo suficiente para permitir que os jornais e as revistas permaneçam debaixo de sua influência”,  comentou criticamente o “Daily Telegraph” em editorial, referindo-se à abolição, em 1695, das leis de licenciamento da imprensa escrita.

3. Os parlamentares trabalhistas Michael Dugher e Dave Watts manifestaram satisfação com a solução de compromisso adotada, “sem sobressaltos” nem transformações capazes de prejudicar a liberdade de imprensa ou as políticas editoriais dos jornais. “Nossa única preocupação está em coibir os erros eventualmente cometidos”, comentou Dugher.