22 de maio de 2017

JOGO ESTRATÉGICO E A CRISE BRASILEIRA!

1. Na Teoria dos Jogos, o jogo mais simples é o jogo de dados onde a probabilidade dos resultados pode ser prevista. É um Jogo de Azar. O Jogo de Xadrez, considerado um jogo de inteligência, tem o movimento de suas peças estabelecido. Os jogadores se enfrentam num ambiente controlado, sem qualquer interferência externa. O talento dos jogadores permite projetar 10, 15…, jogadas à frente.

2. Os Jogos Estratégicos mais complexos são aqueles que os atores são múltiplos e seus movimentos são imprevisíveis. Não há regras que gerem rigidez para os jogadores.

3. Nesse sentido, o Jogo Estratégico mais complexo é a Política. Há os jogadores que disputam o poder – os partidos, os políticos… Mas há atores que são fundamentais e que muitas vezes explicam o resultado do jogo, embora não possam alcançar a vitória ou o poder pessoalmente.

4. O ambiente em que se atua é mutante, como as crises internas e internacionais. Atuam os meios de comunicação e agora as redes sociais. Atuam os movimentos sociais. Os conflitos não ocorrem apenas entre os jogadores diretos que se enfrentam, mas também internamente aos jogadores na disputa de liderança dentro dos partidos.

5. O ambiente em que atuam pode ser de estabilidade ou de instabilidade em diversas proporções. Quanto mais instáveis, maior o grau de incerteza. Na política, a instabilidade e a incerteza não são necessariamente processos cumulativos. Podem ser pontuais e que desarmam o jogo num momento, provocando enorme incertezas.

6. São esses casos que exigem dos políticos e analistas mais experimentados um enorme esforço de reflexão. As possibilidades e alternativas no curto, médio ou longo prazos são múltiplas. Isso depende da ação dos jogadores diretamente envolvidos, como dos demais jogadores que influenciam, como imprensa, movimentos sociais e conjuntura interna e externa, economia…

7. E especialmente as leis e as instituições.

8. É um quadro desses, de ampla incerteza, que atravessa neste momento a crise brasileira. Essa desestabilização ocorreu com o principal ator, ou seja, o Presidente da República. Os desdobramentos dos fatos provocados pelas delações premiadas, 4 dias depois, passaram a ser imprevisíveis.

9. A economia, que entrava num processo de estabilidade com as medidas e reformas adotadas, passou a entrar num quadro de incerteza. Não é a mesma coisa que essa crise seja resolvida em 10 dias ou 10 meses.

10. Os que propõem uma emenda constitucional para eleições diretas como forma de superar a crise devem levar em conta que isso significa levar esse processo para uns 8 ou 9 meses à frente, ou seja, para o início de 2018. Da mesma forma, um pedido de impeachment. O de Dilma levou mais de 8 meses.

11. Esperar a conclusão do inquérito aberto pela PGR projeta a solução para mais do que isso. Usar como atalho a decisão do TSE, a partir de 6 de junho, é misturar perigosamente uma questão eleitoral com outra institucional. E a possibilidade do TSE separar a chapa Dilma e Temer ou não, decidir nem em médio prazo com pedidos de vista.

12. De qualquer forma, são três atores principais e institucionais: o legislativo, o judiciário e o executivo. Nesse último caso, por decisão pessoal e unilateral do Presidente da República, que pode ou não tomar essa decisão.

13. A cada dia os fatos se avolumam e as incertezas aumentam. Como as ruas reagirão a um retardamento por meses desse processo?

14. De qualquer forma, a solução -seja ela qual for- que o país precisa é uma decisão de prazo relativamente curto, de forma a estabilizar as expectativas sejam elas políticas, sociais ou econômicas.