22 de fevereiro de 2013

“AS POSSIBILIDADES DE MUDANÇA NÃO SÃO APENAS LIMITADAS PELAS CIRCUNSTÂNCIAS DO PODER POLÍTICO, MAS TAMBÉM PELA POBREZA DAS IDEIAS”!

(Dani Rodrik – La Nacion, 17) Cambridge. 1. Houve um tempo em que os economistas mantinham distância da política. Mas, alguns, frustrados ao ver que muitos de seus conselhos não eram ouvidos, descarregaram suas ferramentas de análise para estudar o comportamento desses mesmos políticos. Começaram a analisar o comportamento político da mesma forma que analisavam as decisões de consumidores e produtores em uma economia de mercado.

2. Os políticos se tornaram prestadores de favores públicos, guiados pelo desejo de maximizar as receitas; os cidadãos, em grupos de lobistas e de interesses especiais ansiosos por receita; e os sistemas políticos, transformados em mercados onde se negociam votos e influência política em troca de benefícios econômicos.

3. Dessa forma, nasceu o campo da escolha racional em economia-política e, com ele, um estilo teórico que logo seria imitado por muitos politólogos. O benefício aparente desta teoria era que permitia explicar por que as decisões políticas muitas vezes não são compatíveis com a racionalidade econômica. Na prática, qualquer paradoxo econômico poderia agora ser explicado em duas palavras: “interesses criados”.

4. Mudar o mundo exige que se tenha compreensão dele, e este tipo de análise parecia ajudar. Mas ainda havia um profundo paradoxo. Quanto mais se explicava o que estava acontecendo, menos espaço havia. Se o comportamento dos políticos é determinado por interesses a que estão sujeitos, não importa quantas reformas políticas sejam solicitadas pelos economistas, pois ninguém vai ouvi-los. Na medida em que nossa ciência social tornou-se mais completa, nossa análise das políticas públicas tornou-se mais irrelevante.

5. Ao tornar o comportamento dos políticos como uma variável endógena, a economia-política dificulta os analistas. Os marcos conceituais utilizados na economia-política estão repletos de suposições não declaradas sobre os sistemas de ideias subjacentes ao funcionamento dos sistemas políticos. Basta explicar essas ideias para que os interesses criados deixem de ser tão decisivos e recuperem seu lugar na formulação de políticas públicas, da liderança política e da ação humana.

6. As ideias moldam os interesses, em um processo que agem de duas maneiras. Primeiro, determinam a auto percepção das elites políticas e dos seus objetivos. Em segundo lugar, as ideias determinam as crenças dos atores políticos sobre como o mundo funciona.

7. A economia-política segue sendo importante. Mas ao enfatizar demasiadamente o papel dos interesses criados, corre o risco de nos distrair das contribuições fundamentais que podem fazer a análise de políticas públicas e do ativismo político. As possibilidades de mudança não são apenas limitadas pelas circunstâncias do poder político, mas também pela pobreza das ideias.

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DADOS RECENTES DA PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE PELA PREFEITURA DO RIO!

(Vereador Paulo Pinheiro – Câmara do Rio, 20) 1. A Cidade do Rio de Janeiro tem 1,58 médicos por 1.000 habitantes na rede publica e 4 médicos por 1000 habitantes na rede particular.

2. Em 2008 a secretaria municipal de saúde da prefeitura do Rio tinha 28.500 servidores estatutários. Agora tem 23.000 servidores estatutários. As Organizações Sociais contratadas pela secretaria municipal de saúde (base da privatização) já tem 14.400 funcionários.

3. O secretário municipal de saúde da prefeitura do Rio, pediu licença para assumir o cargo que conquistou por Concurso Público na Fio Cruz. Mas na sua secretaria municipal de saúde da prefeitura do Rio, ele não abre concurso público e só terceiriza e privatiza.

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“SER CARIOCA É CONVIVER COM OBRAS DE CARÁTER DUVIDOSO”?

(Cora Rónai – Globo, 21) 1. Ser carioca é conviver com obras de caráter duvidoso. A Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, está sendo completamente destruída pelas obras do metrô. O governo do estado, que prometeu que ia deixar as árvores em paz, mentiu: de qualquer janela das vizinhanças se pode acompanhar a clareira que cresce a cada dia. A verdade é que o governador está pouco se lixando para as árvores, assim como está pouco se lixando para os mais de 30 mil cidadãos que assinaram uma petição em sua defesa.

2. Enquanto isso, no Leme, moradores estão se mobilizando para salvar o bairro do desastre que seria a implantação de uma nova estação do bondinho do Pão de Açúcar. Eles estão apavorados, e por justa causa: o Leme, que já tem uma população maior do que comporta, e que não tem vagas nem para os automóveis de quem mora lá, quem dirá para ônibus de turismo, vai perder o pouco de sossego que lhe resta se a sinistra ideia da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar colar. Os moradores foram à rua no domingo, para protestar, e logo num primeiro momento colheram mais de 500 assinaturas.  Tomara que tenham mais sorte do que tivemos em Ipanema.

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ITÁLIA: “POLÍTICOS, RENDAM-SE”, DIZ LÍDER DA ANTIPOLÍTICA EM GRANDE COMÍCIO!

1. (La Nacion, 21) Faltam 3 dias para as eleições gerais italianas e o pavor dos partidos políticos não é a abstenção, mas o “ciclone” Beppe Grillo, o cômico genovês líder do Movimento 5 Estrelas (MV5), rei da anti-política e símbolo do voto de protesto. “Políticos, rendam-se!”, gritou na noite de ontem (20) Grillo de 64 anos e retórica inflamada, em um comício na legendária Piazza del Duomo de Milão que encheu com 35 mil pessoas. Nesse encontro, Grillo colheu não só o apoio do famoso ator de teatro e escritor Dario Fo, prêmio Nobel de Literatura, que com seus 85 anos subiu no palanque-cenário e discursou, mas também do popular cantor Adriano Celentano, que compôs uma canção que fala de uma “Onda Nova” e que invita os italianos a saírem de casa para votar.

2. (Ex-Blog, 22) Nos últimos 15 dias são proibidas as divulgações de pesquisas. A tendência apontava Beltrani da coligação de centro-esquerda com uns 33%, Berlusconi da coligação de centro-direita-populista com uns 30%, Grillo do MV5 passando dos 15% e o Centro Democrático do ex-primeiro ministro Monti com uns 13%.