ELEIÇÕES: MACROECONOMIA E MACROPOLÍTICA! E A MICROPOLÍTICA?
1. A movimentação dos três candidatos a presidente já confirmados é basicamente a mesma. Pelo menos naquilo que tem destaque na mídia: Macroeconomia e Macropolítica. É possível que os dados conjunturais sobre a economia brasileira, especialmente a fragilização fiscal, o déficit comercial e um PIB anêmico, impulsionem essa busca de respostas.
2. Mas a movimentação física dos dois candidatos da oposição, já colocados (Aécio Neves e Eduardo Campos), mostra que é mais que isso. Aécio partiu de uma preparação com os economistas que trabalharam com FHC, promovida pelo próprio, para reuniões com grandes empresários.
3. Campos está em plena maratona de encontros com empresários, especialmente em SP, ou em palestras –dentro e fora do país-, cuja peça principal é sempre a economia. Movimentou-se no circuito dos grandes empresários tementes a Marina e, em primeiro lugar, o agronegócio, assustado. E Dilma afirmando dia sim, dia também, seus compromissos com os “fundamentos macroeconômicos”.
4. Muito destaque, muitas declarações, frases de efeito… E os votos? Os “analistas” –incluindo os publicitários, claro- afirmam que nada disso atrai votos proativos, seja pelo efeito direto, seja pelo efeito multiplicador. Aliás, pode até tirar votos, quando as declarações sob pressão apontam para compromissos liberais, que na opinião pública difusa no Brasil são percebidos como preferência pelos ricos.
5. Mas há dois efeitos que os “analistas” reputam como importantes. O primeiro deles –como sempre- é ter a confiança suficiente para a preferência na captação de recursos durante a campanha eleitoral. O segundo é evitar o multiplicador negativo da insegurança, numa conjuntura comandada pelas incertezas. Se o voto proativo é insignificante, projetar insegurança no andar de cima tem um multiplicador significativo.
6. Paralelamente, continuam e se intensificam as movimentações na Macropolítica. Busca de coligações, ou melhor, de tempo de TV. Encontros com políticos cobertos ou vazados para a imprensa. Declarações simpáticas. Giro pelos Estados com este foco. Os “analistas” – incluindo os publicitários, é claro- afirmam que nada disso atrai voto proativo. Os políticos se valorizam e não garantem nada até mais perto das convenções. E quando a campanha abre, raros são os que transferem seus votos.
7. Mas há dois efeitos que os “analistas” reputam como importantes. O primeiro é conquistar tempo de TV e evitar que seus adversários o conquistem. Melhor não apoiarem ninguém do que apoiarem um dos lados. O segundo é acalmar a ansiedade dos seus candidatos ao Congresso para que não se precipitem em braços indesejados.
8. Mas –de tudo- os “analistas” recomendam. Entrem com prioridade na Micropolítica fora da mídia. Façam a política de proximidade. Apareçam para públicos específicos –nas comunidades, em bairros- fora dos restaurantes que os reconhecem. A presidente –por dever de ofício das promessas e inaugurações- faz Micropolítica de palanque. Os de oposição devem fazer micropolítica de sola de sapato.
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KIRCHNER, KICILLOF E MORENO: CAMBALACHE!
1. A presidenta Cristina Kirchner -até antes de sua cirurgia- tinha dois homens fortes na área econômica com poder absoluto: Guillermo Moreno -o czar do fechamento de mercado, secretário formal de comercio interior-, na verdade uma espécie de ministro do comércio exterior e de controle de preços ad hoc com plenos poderes; e o jovem Alex Kicillof (que representa a juventude peronista, conhecida como La Cámpora), vice-ministro de economia, mas, na verdade, ministro de estatizações e nacionalizações com plenos poderes.
2. Após sua convalescença, Kirchner retorna ao Palácio e nomeia Kicillof ministro da economia, ampliando os poderes que tinha na linha da intervenção nos mercados. Simultaneamente, o poderoso Moreno entregou o cargo, melhor dizendo, foi renunciado. Com isso, o processo de intervenções nos mercados, controle de preços, estatizações e nacionalizações ganha unidade e comando único.
3. Ou seja: chavismo-portenho sem disfarces. Uns acham que Kirchner aproveitou a derrota eleitoral para “dar sua resposta”. Outros acham que a cirurgia no cérebro mexeu onde não devia.
4. Os bares portentos voltaram a cantar Cambalache.
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IBOPE: AVALIAÇÃO DE DILMA ESTACIONA! OS QUE NÃO ESCOLHEM NENHUM DELES CRESCEM PARA 36%! ELEITOR QUER MUDANÇA: 62%!
Pesquisa realizada entre os dias 7 e 11 de novembro.
(agência estado, 18) 1. O Ibope perguntou aos eleitores com qual de quatro frases sobre o futuro presidente eles mais concordavam. A maioria optou por frases que indicam um desejo maior de mudança do que de continuidade: 38% responderam que gostariam que o próximo presidente “mantivesse só alguns programas mas mudasse muita coisa”; outros 24%, que “mudasse totalmente o governo do país”. Apenas 23% disseram preferir que o novo presidente “fizesse poucas mudanças e desse continuidade para muita coisa”. E 12% prefeririam que ele “desse total continuidade ao governo atual”. Ou seja: 62% sinalizaram com preferência pela mudança, contra 35% que manifestaram desejo de continuidade de tudo como está.
2. A proporção dos que acham o governo ótimo ou bom permanece estável: 39%. A taxa dos que acham o governo ruim ou péssimo 24%. O regular 36%. E a taxa dos que confiam em Dilma 51%. OBS.: Esse nível de 38%/39% é o mesmo desde agosto. E os que não afirmaram confiar em Dilma, 49%, da mesma forma.
3. Em quem votaria se a eleição fosse hoje. Dilma 43%, Nenhum 36%, Aécio 14%, Eduardo Campos 7%.
4. Avaliação de Dilma no Sudeste: Ótimo+Bom 32% x Ruim+Péssimo 32% / Aprova Dilma 46% x Desaprova Dilma 49%/ Tem Confiança em Dilma 43% x Não tem Confiança em Dilma 53%.
5. Em 2014 teremos eleições para presidente, governadores, senador, deputados federais e deputados estaduais. Qual interesse por elas? Muito Interesse 16% + Interesse Médio 27% = 43% / Pouco Interesse 32% + Nenhum Interesse 24% = 56%.
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POLÍTICA ECONÔMICA: ‘QUOUSQUE TANDEM ABUTERE DILMA PATIENTIA NOSTRA’? (CICERO, 63AC)!
(Vinicius Torres Freire – Folha de SP, 20) Por quanto tempo a economia pode viver em quase-estagnação, sem degringolar em crise? Até quando a quase-estagnação pode sustentar as condições que, por ora, fazem com que a economia não suscite ira social? Mas o “modelo” é social e politicamente durável? Isto é, tal como a rã da lenda científica, poderemos cozinhar sem perceber num caldo que esquenta devagar e sempre, até que seja tarde demais para pular fora? Num caldo de inflação manipulada em torno de 6%, com a situação do emprego piorando muito devagarinho (como agora), remendando a situação social com transferências para os mais pobres (que ainda custam pouco) etc.?