20 de outubro de 2016

PROPORÇÃO DE “NÃO VOTO” (ABSTENÇÃO, BRANCOS E NULOS), NESTE SEGUNDO TURNO, NO RIO PODE SER RECORDE!

A.1. O tiroteio entre Freixo e Crivella na TV, em seus comerciais e programas, diariamente, está assustando o eleitor. No debate na RedeTV, nesta semana, as agressões foram intensificadas, só que agora cara a cara, como num duelo de pistoleiros nos filmes de faroeste.

A.2. Nas redes sociais tem crescido muito o número dos que reagem a esse tiroteio afirmando que “deste jeito não voto em nenhum dos dois”. As pesquisas eleitorais começam a sinalizar essa possível tendência.

A.3. A quem beneficia o aumento do “não voto”? Para responder a esta pergunta, os institutos de pesquisa deveriam fazer os cruzamentos de sempre identificando o perfil deles e avaliando se este perfil se aproxima mais de um ou de outro candidato. E, a partir de agora, comparar a primeira e segunda pesquisas no segundo turno com as novas pesquisas do Ibope e do DataFolha a partir desta semana. Pode ser que -para um ou para outro- o tiro esteja saindo pela culatra.

B. (Globo Online, 18) B.1. No próximo dia 30, os cariocas vão às urnas decidir quem governará a cidade do Rio pelos próximos quatro anos. Pelos dados dos institutos de pesquisas, o senador Marcelo Crivella (PRB) tem hoje a maior proporção de intenções de votos, desbancando o seu concorrente neste segundo turno, Marcelo Freixo (PSOL). Segundo o último DataFolha, divulgado na sexta-feira, o candidato do PRB tem cerca de 48% das intenções de voto contra 25% de Freixo. (Conversamos com o diretor do DataFolha, Mauro Paulino, veja mais abaixo)

B.2. O que a sondagem do DataFolha revelou também é a grande proporção de cariocas que afirmam que votarão em Branco/Nulo/Nenhum: 19%. Mesmo a poucos dias da votação no segundo turno e após o início da campanha na TV, esse contingente de eleitores manteve a posição de não votar em nenhum dos dois candidatos. O percentual chama atenção porque, em tese, a proximidade do dia da eleição tende a reduzir os percentuais de Indecisos/Brancos e Nulos. Desta vez, não. A projeção da alta taxa de Brancos/Nulos repete o registrado no primeiro turno nas urnas, quando chegou 18,2% na capital fluminense.

B.3. A taxa de Brancos/Nulo em 2016, segundo a pesquisa DataFolha, é duas vezes maior que a realizada pelo instituto em 2012, quando Eduardo Paes (PMDB) foi eleito ainda no primeiro turno. A diferença é semelhante também à sondagem feita neste mesmo período do segundo turno de 2008, quando Paes concorreu com Fernando Gabeira (PV). Em 2008, aliás, o Rio assistiu a uma das mais disputadas eleições municipais, com a vitória de Paes por uma diferença de apenas 1,6% dos votos. Naquele pleito, os Brancos/Nulos atingiram 8,5% nas urnas (314 mil eleitores). Agora, se mantida proporção de abstenções do primeiro turno no Rio (24%), a soma dos Brancos/Nulos chegaria a mais de 700 mil eleitores. Ou seja, um punhado expressivo de cariocas que não se identificam com nenhum dos candidatos.

B.4. Inúmeras explicações, como a descrença na política e nos políticos, podem ser apresentadas para o volume de “não-votos” registrados nesta eleição, mas certamente, todas se misturam a um segundo e central fator: o perfil dos candidatos que disputam ou disputaram a prefeitura do Rio. No primeiro turno, esses agentes foram incapazes de apresentar um projeto ou discurso que mobilizasse essa massa de cariocas. Com Crivella e Freixo, no segundo turno, esse fenômeno se manteve.

B.5. Para o diretor do DataFolha, Mauro Paulino, a explicação estaria na forte rejeição dos brasileiros e, também dos cariocas, à política e aos partidos. Segundo ele, Crivella e Freixo não representam o discurso antipolítica observado em outras cidades: – Parte significativa dos eleitores não se sente representado pelos políticos e partidos atuais. Dois terços dos eleitores brasileiros não têm simpatia por partido algum, o que é um recorde. Ao mostrar a intenção de anular ou votar em branco essa parcela de cariocas está demonstrando essa insatisfação é a tendência de buscar o “antipolítico” que não encontra nem em Crivella, nem em Freixo.

B.6. A antipolítica ou candidatos que se apresentaram mais com esse perfil também fracassou no primeiro turno no Rio, ao contrário de outras cidades nas quais os eleitores ou elegeram em primeiro turno ou colocaram na segunda fase da campanha competidores que buscaram mobilizar essa tipo de percepção dos eleitores: – Acho que a antipolítica se expressou através dos brancos e nulos que também foi alto no Rio (primeiro turno). Mas a votação de Flávio Bolsonaro (PSC) foi expressiva e Carmen (Miguelis do Novo) teve pouco tempo de TV – avalia Paulino.