CESAR MAIA: ENTREVISTA AO BRASIL-ECONÔMICO (17)!
1. Num mundo como o de hoje, de imagens e de comunicação publicitária, não basta ter apenas o conteúdo na hora de fazer oposição. Tem que ter a contundência na forma. O Aécio (Neves, pré-candidato do PSDB à presidência) faz uma comunicação muito suave. É preciso também caras e bocas. A Dilma (Rousseff, presidenta da República) é mais contundente defendendo o governo do que a oposição criticando.
2. Os economistas que cercam Aécio dizem que está tudo errado e que se isso não mudar, vamos entrar num quadro de estagnação crônica. Aécio está bem equipado. Mas ninguém entende “economês”, é preciso dizer claramente para o eleitor: “Você vai perder o seu emprego”.
3. É preciso entrar na crítica do cotidiano. Temos uma crise urbana. O Rio de Janeiro vai reajustar tarifas. São Paulo aumentou o IPTU para subsidiar as empresas de ônibus e não mexer no valor da passagem. Tudo isso tem gerado um desgaste monumental. O que a oposição não pode fazer é esperar que a máquina se aproxime dela.
4. A ideia do DEM é que é fundamental ter candidato para que ele dê votos à legenda. A prioridade do partido é eleger deputados federais. O problema é que o processo no Rio de Janeiro se pulverizou. O líder da pesquisa tem 20% (Marcelo Crivella, do PRB). Pezão tem 6%. A sensação é que qualquer um vai para o segundo turno se tiver 15%. Com os 11% de intenção de voto que tenho, posso me aproximar do segundo turno.
5. Se a oposição não se mexer, a Dilma ganha. O quadro atual estimula voto branco e nulo. Nesse sentido, acho a candidatura do Randolfe Rodrigues (pré-candidato à presidência pelo PSOL) importante, porque ele vai bater mais, pode crescer e provocar um segundo turno. Para ter visibilidade, o candidato precisa se colocar como alternativa e não fazer o discurso do “reconheço os méritos”. Quem tem que reconhecer mérito é o governo. A oposição reconhece defeitos.
6. No governo Cabral é tudo um desastre. A segurança pública, carro-chefe dele, enguiçou. O Núcleo de Pesquisas das Violências (Nupevi/UERJ) mostrou que o número de pessoas sob o comando de milícias nos últimos cinco anos triplicou, foi para 450 mil.
7. Dois terços dos deputados federais do DEM apoiam o lançamento de candidatura própria. O Aécio estava numa ansiedade atrás do PPS… O que ele queria? Uma grife para dizer que é de centro-esquerda? Perdeu tempo. Poderia ter convencido nossos deputados federais e teria um quadro mais favorável para se eleger.
8. Um jornal disse que o eleitor quer uma intervenção do Estado e o discurso da direita não é esse. É, sim. Esse não é o discurso liberal. O discurso conservador da direita é a intervenção do Estado. O candidato da direita tem que ter um discurso conservador. Na América Latina, o discurso liberal é um fiasco.
9. Se o partido vai ou não ter candidato, é outra coisa. Mas o nome que a gente tem é o do deputado federal Ronaldo Caiado.
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COMISSÃO DE TRANSPORTES DA CÂMARA CRIA APLICATIVO PARA CIDADÃO FISCALIZAR OS VOOS!
(Globo, 19) 1. A Câmara dos Deputados vai abrir em janeiro mais um canal para os brasileiros reclamarem dos serviços de aviação. Pelo aplicativo para smartphones “De Olho nos Voos”, já em fase final de desenvolvimento, os passageiros poderão contar problemas específicos com aeroportos e companhias aéreas, detalhando a sua experiência pessoal. O aplicativo também vai oferecer rankings de aeroportos e companhias aéreas mais reclamados, destacando o perfil dos problemas dos passageiros, que deverão indicar seus nomes e emails para registrar as críticas. A inserção de uma informação no aplicativo, porém, não retira a necessidade de os passageiros apresentarem reclamações formais às empresas ou a outras autoridades, como a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para terem seus problemas resolvidos individualmente.
2. Segundo o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Comissão de Viação e Transportes, de onde partiu o projeto do “De Olho nos Voos”, os parlamentares usarão as informações do aplicativo para desenvolver políticas públicas para o setor e cobrar providências do governo e da própria Anac em relação a problemas recorrentes enfrentados pelos passageiros. De acordo com o deputado, os parlamentares também poderão contar com informações sobre a situação dos voos em tempo real, o que pode auxiliar em uma ação mais rápida da Câmara na defesa dos interesses dos cidadãos. A Comissão avalia criar, no futuro, um aplicativo similar para receber reclamações de usuários de ônibus interestaduais.
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GOVERNO PÚBLICO X GOVERNO PRIVADO NO RIO!
(Bernardo Mello Franco – Folha de S. Paulo, 19) No Rio de Sérgio Cabral, público e privado andam como a letra do funk: tudo junto e misturado. Em um trecho do programa eleitoral de 2010, disponível no YouTube, o governador diz: “Eu gosto muito dessa palavra mistura. É aquela expressão bem carioca: tudo junto e misturado”. O contexto era outro, mas não interessa. Se eu fosse documentarista, guardaria a cena com carinho. No futuro, ajudará a contar como era o Rio de Cabral.
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AMÉRICA LATINA: QUASE A METADE DOS TRABALHADORES TEM OCUPAÇÃO INFORMAL! 60% ENTRE OS JOVENS!
(El País, 18) 1) 47,7% dos trabalhadores da América Latina tem ocupação informal. Dos 275 milhões que formam a força de trabalho na região, só 145 milhões tem um emprego formal. Assim indica o informe Programa Laboral 2013 da OIT (Organização Internacional do Trabalho). A diretora geral da organização, Elizebeth Tinoco, qualificou a situação de “preocupante”, pois enquanto o desemprego urbano na América Latina e Caribe baixou a menor taxa histórica de 6,3%, isso não se deveu a maior geração de emprego, mas a pessoas que saíram do mercado de trabalho. Em 2012 esse índice havia sido de 6,3%.
2) Em 2009 a taxa de informalidade na região era de 50%. Em 2011 de 47,7%. Os maiores índices de ocupação informal se encontram na América Central: Guatemala com 76,8% e Honduras com 72,8%. Mesmo o Peru que teve a maior taxa de crescimento, tem 68,8% de pessoas com ocupação informal.
3) 50% das mulheres e 45% dos homens estão em situação informal. Dos 14,8 milhões de latino-americanos que buscam emprego sem consegui-lo, 7,7 milhões são mulheres. Ademais há 22 milhões de jovens que nem estudam, nem trabalham. “60% dos jovens tem ocupação informal”, informa Juan Chacaltana, especialista em emprego e trabalho da OIT. “Não é casual que em diversas cidades sejam os jovens que encabeçam os protestos questionando o sistema e as instituições” concluiu.
4) A diretora regional sublinhou que o desemprego juvenil tem “repercussão na governabilidade de nossas sociedades, pois a falta de esperança e de possibilidades de inserção gera frustração, mesmo que não necessariamente violência. Essa está sendo acumulada no espírito dos jovens, porque não tem resposta por parte dos governos”.
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CRACK: 370 MIL VICIADOS/DEPENDENTES NAS CAPITAIS!
(El País, 18) 1. O crack é uma das drogas mais devastadoras que, há quase três décadas, se espalhou por toda São Paulo e pelas principais cidades brasileiras. Hoje, conforme uma recente pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz, cerca de 370 mil pessoas consomem regularmente essa droga nas capitais das 27 unidades da federação. O número representa quase 1% da população dessas cidades.
2. Em outro levantamento, feito pela Confederação Nacional dos Municípios, a conclusão é de 90% dos 5.563 municípios brasileiros tem problemas com a droga, sendo que cerca de 1,1 milhão de pessoas já provaram o crack. Grandes cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte lutam frequentemente para acabar com suas cracolândias. O governo federal já o considera uma epidemia e tenta implantar uma série de programas em parcerias com os Estados para ajudar no tratamento dos dependentes químicos.
3. Produzido a partir da cocaína é um entorpecente que vicia rapidamente. Chegou ao Brasil no final dos anos 1980 como uma das maneiras de baratear o preço da cocaína. Hoje, uma pedra da droga custa de 5 a 10 reais, conforme seu tamanho (geralmente de até 2 cm) e local da venda. Já a cocaína vale de 40 a 60 reais conforme sua procedência. Dificilmente se apreendem carregamentos de crack. O que chega ao país é a pasta base de cocaína, vinda principalmente da Bolívia e da Colômbia. Quando estão em solo brasileiro, seguem para laboratórios clandestinos onde são transformadas em pedras que, quando são queimadas, fazem o som que dá o nome à droga.
4. Seus efeitos no organismo são mais rápidos do que a cocaína porque a droga é rapidamente absorvida pelo pulmão e chega ao cérebro em questão de segundos. Causa tremores, cria uma sensação de euforia, aumenta a pressão arterial. A taquicardia pode causar um infarto do miocárdio e, em casos extremos, um acidente vascular cerebral (AVC). Quando usa a droga em grande quantidade, o viciado tem menos fome, perde o sono e pode ficar dias acordado. É comum ver como as pessoas emagrecem após um uso contínuo desse entorpecente.