PROTESTOS: OPINIÃO PÚBLICA É TAMBÉM CUMULATIVA E FUNÇÃO DA CONJUNTURA!
1. As estatísticas mostram, as pesquisas comprovam, que a avaliação dos governos –e não só do governo federal- vêm caindo, com a recessão, a inflação e a imprevisibilidade em relação ao futuro, ao emprego decente e ao salário decente. Juros sobem, Risco-Brasil aumenta, setor externo desmonta, indústria perde a competitividade… Confronto e morte de Índios com imagens fortes na imprensa. É nesse cenário que ocorreram os protestos que, direcionados ao aumento das tarifas de ônibus, são induzidos e estimulados por esta conjuntura negativa.
2. Os problemas relativos ao transporte público no Rio –e não só no Rio- vêm se acumulando e agravando. E isso ocorre em todos os tipos de transportes. Os tumultos nas Barcas ganharam destaque uns meses atrás. Os acidentes e tumultos nos trens da mesma maneira. O metrô não escapou desse quadro. Em todos os casos a superlotação, o descaso, a violência, o desconforto e, claro, os preços, tudo contra os passageiros, são sistemáticos.
3. Os casos com ônibus, mais recentes no Rio, culminaram na tragédia em viaduto da Avenida Brasil. Em seguida, os levantamentos feitos mostraram uma situação de precariedade dos ônibus e multas simplesmente deixadas de lado, ausência de fiscalização… O Globo fez uma série até dias atrás, num raio-X da grave situação. A entrada do BRT (um falso ligeirinho S. Cruz-Barra) já acumula estatísticas de mortes e fotos de superlotação, além de obras inacabadas.
4. Este Ex-Blog fez uma conta simples após o reajuste das tarifas de ônibus no Rio (R$ 2,95) e em SP (R$ 3,20) mostrando que uma família –pai e mãe e dois filhos jovens- pagaria por mês mais que um salário mínimo só de ônibus. 4 pessoas x 2 (ida e volta) x 30 dias = 240 x 2,95= R$ 708 e 240 x 3,20 = R$ 768 para um salário mínimo de R$ 678. O jornal Extra (15) mostrou que a tarifa das Barcas aumentou 3 vezes mais que a inflação desde 2007.
5. Com isso, ao aumento das passagens se somam os problemas com os demais vetores de transportes. E os veículos de passeio, multiplicados com a política de subsídios do governo federal à indústria automobilística, despejam problemas nas ruas. Estudos mostram que a cidade de SP não está mais sozinha. A velocidade dos fluxos no Rio igualou SP.
6. E lembre-se o curto-circuito que veio com o megaengarrafamento no Rio numa queda de carga de ônibus na Avenida Brasil semana passada.
7. O Rio e SP têm uma história de reações urbanas em série quando um segmento social perde a inibição e vai às ruas. E, hoje, com as redes viróticas, esse processo é reacendido com muito mais frequência, podendo ou não ir às ruas, mas acumulando rebeldia às redes sociais. Vide o espalhamento que ocorreu com o caso da antecipação da bolsa-família pela CEF. Isso na população de mais baixa renda.
8. No caso do Rio, para ir às raízes, um livro que este Ex-Blog recomenda: “Rio, Cidade Rebelde” de Jane Santucci, Editora Casa da Palavra.
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“O POVO UNIDO NÃO PRECISA DE PARTIDO”! “SEM PARTIDO, SEM PARTIDO”!
(Datafolha/Folha de SP, 18) Das mais de 65 mil pessoas que protestaram ontem em S. Paulo, 84% não têm preferência partidária. Gritando frases como “O povo unido não precisa de partido” e “Sem partido, sem partido” os manifestantes se reuniram de forma pacífica. De acordo com o Datafolha, 71% dos presentes participaram ontem pela primeira vez do protesto. A maioria tem entre 26 e 35 anos e 81% se informaram do ato pelo Facebook. No total, 85% dos presentes buscaram informações pela internet.
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O DÓLAR E O SERVIÇO DA DÍVIDA EXTERNA DO ESTADO DO RIO E SUA CAPITAL!
1. A cotação do dólar nos últimos meses –antes do aumento das últimas semanas- vinha oscilando em torno de 2 reais. Nos últimos dias alcançou um patamar de 2,15, numa variação de 7,5%.
2. A dívida externa –em reais- do governo do Estado do Rio era de 5 bilhões e 176 milhões em 30 de abril de 2013. A dívida externa da prefeitura do Rio era de 2 bilhões e 527 milhões em 30 de abril de 2013. A soma das dívidas externas do governo do Estado do Rio e da prefeitura do Rio era de 7 bilhões e 703 milhões de reais em 30 de abril de 2013.
3. O serviço destas dívidas está em 5% desta dívida consolidada.
4. Dessa forma, o serviço anual das dívidas externas alcança aproximadamente 5% de 7,7 bilhões de reais ou 385 milhões de reais. Um aumento de 7,5% do dólar implica num gasto adicional de 29 milhões de reais.
5. Isso pela variação do dólar em curto prazo. Se tomarmos 2010 como referência com o dólar médio a 1,80 reais, o crescimento até hoje foi de 19,4% e, portanto, o custo do serviço da dívida para o Estado do Rio e Capital foi acrescentado em 74,6 milhões de reais em função da variação do dólar. Até aqui. Mas se continuar a subir, é só fazer uma regra de três e calcular.
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AGRONEGÓCIO: LUCRO EM 2012 CAIU 27%!
(Coluna Monica Bergamo – Folha de SP, 17) Embora a receita das 400 maiores empresas de agronegócios do país tenha se mantido no patamar dos US$ 219 bilhões de 2011 para 2012, o lucro delas caiu 27%, para US$ 3,1 bilhões. Os dados estão em levantamento da edição de 40 anos de melhores e maiores da revista “Exame”, que sairá em julho.