AS RAZÕES DA ESTAGNAÇÃO DA ECONOMIA E PRINCIPALMENTE DOS INVESTIMENTOS NO BRASIL!
1. (Miriam Leitão – Globo, 16) 1.1. A incapacidade gerencial é a principal falha do governo da presidente Dilma que fez a campanha apresentada pelo marketing como boa gerente. Até 11 de dezembro o governo tinha conseguido investir apenas R$ 40 bilhões dos R$ 90 bilhões previstos no Orçamento Geral da União. O investimento público no Orçamento já é pequeno. E nem isso o governo consegue fazer.
1.2. O governo é errático. Um exemplo disso é o que aconteceu com os aeroportos que mostrou falhas ao afastar os melhores competidores. Ganharam os grupos mais fracos, garantidos pela presença de 49% da Infraero e dos fundos de pensão de estatais. Como o ágio ficou alto e a Infraero ficou com metade da dívida, o governo terá que capitalizar a estatal.
1.3. Na intervenção no setor elétrico, o governo primeiro anunciou o modelo criado pelos burocratas, depois enfrentou a realidade. A Eletrobrás perdeu R$ 10 bilhões de valor de mercado em apenas três meses. Desde o início do ano, a perda chega a R$ 16 bilhões. Reduzir o custo da energia é uma importante mas na economia o voluntarismo não é o melhor caminho. De maneira atabalhoada, como tem sido, a redução do preço da energia descapitaliza as empresas e suspende investimentos.
2. (Armínio Fraga e Edward Amadeo – Estado de SP/Globo, 16)
2.1. A partir do segundo mandato de Lula, a agenda foi interrompida. Em áreas cruciais como institucionalidade da política monetária, regulação do mercado de trabalho, legislação tributária e tarifária, avaliação de políticas públicas, política educacional, eficiência do Judiciário e ambiente regulatório para o investimento em infraestrutura, não houve avanços.
2.2. Desde a crise de 2008 tem-se o uso de instrumentos regulatórios, fiscais e tributários com o objetivo de microgerenciar a atividade econômica. Aqui se incluem a lei do pré-sal, as regras de conteúdo nacional para as compras de estatais, o uso dos bancos públicos e empresas estatais para dirigir o investimento e o consumo, a elevação de tarifas de importação, a mudança na base de tributação da Previdência Social, a redução do IPI de bens duráveis, o subsídio ao consumo de petróleo, a imposição de IOF sobre investimentos estrangeiros em portfólio e a mudança do marco regulatório sobre produção e distribuição de energia.
2.3. Antes a criação de um ambiente de igualdade de condições para todos os empresários e trabalhadores. Agora, a geração de incentivos que diferenciam os empresários e trabalhadores de acordo com o seu setor de atuação. A distinção entre as duas abordagens é capturada pelo professor Luigi Zingales quando se refere a políticas pró-mercado e políticas pró-negócios. As primeiras favorecem a concorrência. As segundas buscam responder aos pleitos dos setores empresariais e trabalhistas na forma de tratamentos diferenciados em áreas como impostos, regulação e crédito. Por isso, a taxa agregada de investimento do Brasil continua em patamares bem inferiores aos dos nossos pares.
3. INVESTIMENTOS NÃO CRESCEM PELO CLIMA DE DESCONFIANÇA ENTRE EMPRESÁRIOS E PRESIDENTA DILMA!
(Delfim Netto – Carta Capital, 08) 3.1. Decepção mesmo foi contar cinco trimestres consecutivos de redução do nível de investimentos (até setembro de 2012). O problema é que nem sequer a bem-sucedida política de queda da taxa de juros real, nem o controle do movimento de capitais responsável por levar a uma recuperação da taxa de câmbio, nem os incentivos fiscais, alguns da maior importância no longo prazo, caso da desoneração da folha de salários, nem o excepcional esforço por meio do BNDES, nem os estímulos à inclusão
social que asseguram um aumento da demanda foram capazes de mobilizar os investidores privados.
3.2. A verdade é que a resposta ao ativismo do governo, em geral na direção correta, foi infelizmente acompanhada de ruídos de comunicação por parte dos agentes públicos em interação com o setor privado no campo fundamental da infraestrutura. Frequentemente eles manifestam alguma prepotência e muita idiossincrasia, a comprometer a relação de confiança desejável entre o setor público e o privado. Obviamente, o primeiro pode e deve fixar as regras do jogo com lógica aceitável em uma economia de mercado, mas o segundo tem todo o direito de exigir a máxima clareza, transparência e respeito.
3.3. Quem conhece a inteligência da presidenta Dilma Rousseff, sua disposição de estudar cuidadosamente cada problema e seu pragmatismo, tem dificuldade em entender como se chegou a tal distância de confiança entre o governo e o setor privado de infraestrutura. Uma coisa é certa: enquanto essa distância não for anulada, é pouco provável o “espírito animal” dos empresários se manifestar e os investimentos crescerem.
4. NOTAS ECONÔMICAS LATINO-AMERICANAS!
4.1. O Parlamento Europeu aprovou o Acordo de Livre Comércio assinado entre a UE e a Colômbia e o Peru em junho de 2012. Na ocasião, foi também aprovado o Acordo de Associação, assinado igualmente em junho último, entre a UE e os países que formam o Sistema de Integração Centro-Americana (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá) – o primeiro Acordo bloco-a-bloco concluído pela UE.
4.2. Peru. Instituto Nacional de Estatística informou que a taxa anualizada de crescimento do PIB até setembro superou os 6%. O PIB alcançou até setembro somou US$ 188 bilhões. Os investimentos estrangeiros diretos no período passaram de US$ 8,2 bilhões. As reservas internacionais somam US$ 61,2 bilhões o que corresponde 25% do PIB anualizado. Inflação em 2013 será de 3%.
4.3. (blog Miriam Leitão – Globo, 12) A Cepal estima que o PIB do Brasil em 2012 só será maior do que o do Paraguai, que teve a produção agrícola afetada por uma forte seca e está em recessão. As previsões da Cepal são desanimadoras. É a terceira vez que revisa para baixo as estimativas de crescimento da economia brasileira, agora para 1,2%.
4.4. O Ministro da Fazenda Felipe Larraín, em recente entrevista ao jornal “Diario Financiero”, fez análise detalhada sobre a conjuntura econômica chilena. Destacou que o Chile, com expansão do PIB estimada em 5,5% para 2012, deverá posicionar-se entre as cinco ou dez economias de maior crescimento do mundo. O país, ademais, tem posição credora líquida em relação ao exterior, resultante de ativos totais de US$ 113,0 bilhões e de dívida externa global de US$ 110,4 bilhões (dados de set/2012).
4.5. (El Observador, 16) Brasil se descola da América latina. As expotrações brasileiras para a América Latina caíram 11,3% nos primeiros 10 meses de 2012, o dobro da queda de 5,5% nas exportações totais do Brasil. Os investimentos de empresas brasileiras no exterior, tradicionalmente dirigidas aos países vizinhos, caíram 34% em relação a esses, nos primeiros nove meses do ano. As exportações brasileiras de manufaturados para a Argentina caíram 20% nos 10 primeiros meses.
5. CRESCEM AS RECEITAS DO FUTEBOL BRASILEIRO!
(Editorial Folha de SP, 16) Dados coligidos pela Receita Federal mostram que o faturamento dos principais clubes de futebol brasileiros cresceu em “ritmo chinês” nos últimos anos. Entre as 20 agremiações da série A, elite da modalidade, verificou-se expansão das receitas de 63% entre 2006 e 2010 (último dado disponível). De uma média de R$ 53 milhões por clube, passou-se a R$ 84 milhões. São resultados respeitáveis, embora aquém dos valores bilionários da Europa. O recordista em faturamento, Real Madrid, da Espanha, registrou receitas de R$ 1,2 bilhão.
6. O COMITÊ CENTRAL DOS BANCOS CENTRAIS!
(The Wall Street Journal, 16) 6.1. A cada dois meses, mais de dez banqueiros centrais se encontram aqui no domingo à noite para conversar e jantar no 18o andar de um edifício cilíndrico com vista para o Reno. À mesa estão os chefes dos maiores bancos centrais do mundo, representando países que produzem anualmente mais de US$ 51 trilhões de produto interno bruto, ou seja, três quartos da produção econômica mundial. Suas conversas têm se concentrado nos problemas econômicos globais e nas medidas dos BCs para gerir a economia.
6.2. Desde 2007, os BCs inundaram o sistema financeiro mundial com mais de US$ 11 trilhões. Diante de recuperações frágeis e dos problemas econômicos que fervem na Europa, o esforço se acelerou. Os maiores BCs planejam injetar mais bilhões de dólares na economia, investindo em títulos soberanos, hipotecas e empréstimos comerciais. Essa estratégia é, na verdade, uma experiência de alto risco, baseada, em parte, nos trabalhos acadêmicos de alguns economistas que estudaram e lecionaram no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, nas décadas de 1970 e 1980.
6.3. Se os banqueiros centrais estiverem corretos, vão ajudar a economia mundial a evitar a estagnação prolongada e uma repetição dos erros cometidos pelos BCs nos anos 1930. Se estiverem errados, podem atiçar a inflação ou semear outra crise financeira. O Federal Reserve, banco central americano, anunciou na quarta-feira planos de continuar comprando bilhões de dólares em títulos do Tesouro americano a cada mês em 2013. O BC inglês, o Banco da Inglaterra, concordou em canalizar bilhões de libras para empresas e domicílios através dos bancos. O Banco Central Europeu se comprometeu a manter baixos os custos dos empréstimos de governos que buscaram sua ajuda. O Banco do Japão, sob pressão crescente para combater a deflação, está comprando 91 trilhões de ienes (US$ 1,14 trilhão) em títulos do governo, dívidas empresariais e ações.
7. EM 20 ANOS A CLASSE MÉDIA MUNDIAL QUASE TRIPLICARÁ DE TAMANHO!
(Jorge Castro – Clarín, 16) A classe média global que hoje alcança 1,8 bilhões de pessoas, em 2030 alcançará 4,9 bilhões de pessoas, numa população mundial de 8,3 bilhões de pessoas. O auge da classe média global seria na Ásia com 85% da população sendo 75% na China e na Índia.
8. GERARD DEPARDIEU MUDA DE NACIONALIDADE PARA PAGAR MENOS IMPOSTOS.
Está causando grande escândalo na França a decisão do ator Gerard Depardieu de renunciar à cidadania francesa e transferir sua residência para Bruxelas, como protesto contra a nova legislação francesa de impor tributos mais elevados às grandes fortunas. Já colocou a venda sua residência em Paris, na Rua Cherche Midi (Saint Germain des Prés), 1.800 m2, por 50 milhões de euros…
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BRASIL PERDE O SEXTO LUGAR ENTRE AS MAIORES ECONOMIAS PELO MENOS ATÉ 2016!
(Estado de SP, 17) Considerando o desempenho do PIB no 4º trimestre de 2011, e no 1º, 2º e 3º trimestres deste ano, o país voltou para a sétima posição, atrás do Reino Unido. A atividade econômica brasileira em marcha lenta foi decisiva para que a distância entre os dois países subisse para a casa dos US$ 200 bilhões. A Economist Intelligence Unit (EIU), responsável pelo levantamento, calcula que a economia do Brasil só voltará a ultrapassar a britânica em 2016.
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EXPORTAÇÕES DO BRASIL PARA A EUROPA CAEM 7,5%. IMPORTAÇÕES CRESCEM 4,5%! SITUAÇÃO CRÍTICA COM ALEMANHA E FRANÇA!
(Estado de SP, 17) A recessão econômica nos países do continente Europeu fará com que o Brasil registre seu pior saldo comercial com o bloco em mais de uma década. Dados oficiais revelam que, até outubro, as exportações brasileiras para o mercado europeu – o maior do mundo – sofreram uma retração de 7,5%. A previsão também aponta para o acúmulo do maior déficit com a Alemanha em mais de duas décadas. Com a França, o buraco nas contas brasileiras já é o maior desde 1989. Já as vendas de produtos europeus ao mercado brasileiro continuaram ter um bom desempenho, com expansão de 4,5%. O resultado mostra o agravamento dos números referentes ao resultado das contas externas brasileiras.