17 de agosto de 2016

JOÃO HAVELANGE!

Resposta a Sergio Rangel da Folha de S. Paulo.

“A Diretoria do BFR não mudou nome do Estádio Olímpico João Havelange. Nomeou o Estádio de Futebol que passou a se chamar Nilton Santos. O projeto de lei mudando o nome do Estádio Olímpico João Havelange não foi aprovado na Câmara Municipal. Devemos ao Dr. João Havelange a revolução no Futebol brasileiro desde a primeira conquista da Copa do Mundo de 1958. O mundo todo deve ao Dr. João Havelange, a universalização do futebol mundial incluindo todos os continentes. Devemos ao Dr. João Havelange a ideia da Olimpíada no Rio. E depois a conquista da Olimpíada na votação no COI. A inclusão de Doha e sua retirada foi prevista por Havelange. E ele encerrou, em 2009, a defesa do Rio na escolha da cidade sede 2016 num discurso com uma frase que emocionou a todos e que foi aplaudido de pé: ‘Convido a todos vocês estarem no Rio em 2016 para a Olimpíada do Rio e para comemorar os meus 100 anos’.”

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COM HAVELANGE, BRASIL VENCEU AS COPAS DE 1958, 1962 E 1970!

(Folha de S.Paulo, 17) Havelange é apontado como um dos artífices da escolha do Brasil para sede da Olimpíada. Havelange entrou no esporte pelas piscinas, disputando as Olimpíadas de 1936, como nadador, e 1952, no polo aquático. Tornou-se presidente da CBD, confederação que aglutinava vários esportes, incluindo o futebol. Sob sua administração, o Brasil venceu as Copas de 1958, 1962 e 1970.

2. A partir de 1970, começou a alimentar o sonho de presidir a Fifa. Venceu a eleição de 1974, graças a um acordo com o herdeiro da Adidas, segundo o livro “Invasion of Pitch”. A empresa se tornaria parceira da Fifa, status que mantém até hoje. A ISL se tornou a agência de marketing da entidade até falir em 2001.

3. Como presidente, expandiu as competições da Fifa. Aumentou a Copa de 16 para 24 e depois para 32 seleções, criou os Mundiais sub-20 e sub-17, a Copa das Confederações e o Mundial feminino.

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COMO FOI CONSTRUÍDA A OLIMPÍADA DE 2016 NO RIO!

Trechos da entrevista com Cesar Maia.

(Ex-Blog, 08/08/2016) 1. P- Como começou a campanha da Rio-2004? Quem a criou?
R- Após ser eleito em 1992, em março de 1993 fui procurado pelos srs. João Havelange e Roberto Marinho e os recebi no Palácio da Cidade. Afirmaram que superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas a terceira ou a quarta vez. Assim foi feito. Brasília era a cidade candidata à Olimpíada. O COB reuniu seu Conselho e o Rio assumiu o lugar de Brasília. E começou o processo das candidaturas do Rio.

P- O sr pode dar mais detalhes da reunião de Havelange e Marinho com o sr em 1993? Esse debate havia na campanha para prefeito? O pedido deles foi inspirado no sucesso de Barcelona?
R- Em todas as experiências anteriores inclusive Pré-Guerra. Na lógica de Marinho e Havelange as candidaturas sucessivas se reforçam e se ajustam. Todas são importantes por isso.

P- O Rio recebeu uma nota pior do que o Doha na primeira avaliação para 2016. Como se classificou e como superou as desconfianças?
R- Numa reunião no Palácio Guanabara, Havelange disse que a cúpula do COI estava muito preocupada com o poder “influenciador” dos países árabes-petroleiros. E que a imagem que ficaria era de cumplicidade. O argumento da Comissão no dia da escolha das finalistas em Atenas em junho de 2008, depois de lido o nome de Doha é que as áreas de Doha exigiriam descentralizar a Olimpíada, o que não seria possível. O Rio foi incluído no lugar de Doha e já partiu com equipamentos testados no PAN, com a presença dos presidentes das federações internacionais e do COI e com o projeto integrado na Barra pronto na área do autódromo, com 3 equipamentos já construídas e articulados pela Linha Amarela com o Estádio Olímpico para o atletismo, modalidade fundamental.

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JOÃO HAVELANGE; ESPORTISTA, POLÍTICO, DIPLOMATA, ADMINISTRADOR, LÍDER!

(Globo, 17) 1. Havelange era ovacionado na defesa da candidatura do Rio. E o Rio começava a garantir ali sua vitória sobre Madri, Chicago, Tóquio e as candidatas anteriormente eliminadas. É possível que alguns, no Congresso do COI em Copenhague, tenham se surpreendido com o discurso de Havelange. Mas certamente não estavam entre os surpresos os que tiveram contato com ele em seus mais de 70 anos de esporte, 51 deles como dirigente — e que combina em partes iguais as vocações de esportista, político, diplomata, administrador, líder. Mais do que o discurso em que resumiu sua fé no futuro, o prestígio pessoal foi decisivo. Em 2009, foi escolhido pelo GLOBO Personalidade do Ano, no Prêmio Faz Diferença.

2. O advogado que se tornou empresário vitorioso no ramo de transportes, com a Viação Cometa, já estava realizado quando trocou pelo papel de dirigente esportivo a carreira de ex-atleta, iniciada nas piscinas do Fluminense — competiu nas provas de natação na Olimpíada de 1936, em Berlim, e polo aquático em Helsique-1952; e ganhou medalha de prata com a equipe de polo aquático no Pan-Americano de 1955.

3. Foi como dirigente da natação que, em 1958, elegeu-se presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) — que, na época, acolhia diversas modalidades de esporte, tendo o futebol como carro-chefe. Dali, após três Copas do Mundo ganhas, lançou-se a uma missão tida como impossível: ser o primeiro não europeu a presidir a Fifa. Em 24 anos (1974-1998), até se retirar como presidente de honra, transformou o futebol numa instituição milionária. E universal. Mais do que sonhara o lendário Jules Rimet, o francês que criou a Copa do Mundo. A Fifa tem hoje 211 nações filiadas, 18 a mais que a ONU.

4. Apesar de amigo de Sílvio Pacheco, a quem sucedera em 1958, Havelange era visto com desconfiança no mundo do futebol. No momento em que o Brasil partia para mais uma Copa, traumatizado pelas derrotas de 1950 e 1954, um homem das piscinas à frente do futebol soava quase como uma heresia. O político e o diplomata deram-se as mãos. Ele se preocupou com a velha rivalidade Rio-São Paulo, tão prejudicial a outras seleções brasileiras. E entregou ao empresário paulista Paulo Machado de Carvalho o comando de uma delegação repleta de cariocas. E a um treinador paulista, Vicente Feola, a direção técnica de uma seleção com jogadores dos dois estados.

5. A seleção campeã se manteve para o bicampeonato em 1962 (só Feola não foi ao Chile, dando lugar, por motivos de saúde, a Aymoré Moreira). Em 1971, em congresso da Confederação Sul-Americana no Rio, os delegados foram unânimes ao indicá-lo para se candidatar à presidência da Fifa em 1974. Muita gente, sobretudo na Inglaterra de Sir Stanley Rous, achou graça na ousadia. — Preparei, com a ajuda de Abílio de Almeida e Carlos Alberto Pinheiro, programa de visita a 86 países. Estudamos as possibilidades de voto. Não tínhamos chance entre os europeus ocidentais, mas poderíamos conquistar a maioria nos países do bloco comunista, das Américas, da África, todos fora da influência da Inglaterra — contaria décadas depois.

6. Stanley Rous, presidente desde 1961, era candidato à reeleição. Para vencer por 62 votos contra 56, o diplomata teve de se unir ao político, sobretudo na conquista dos votos árabes e africanos. Uma vez eleito, para surpresa geral e indignação britânica, Havelange começou a trabalhar pela sede da Fifa que encontrou em Zurique. Era uma casa de dois andares. No térreo, a sala de reuniões, onde mal cabiam seis pessoas. Em cima, a residência de Helmut Kasser, secretário por mais de 20 anos e braço-direito de Rous nos últimos 13. Kasser vivia ali com a mulher, dois filhos, dois cães e um gato. No livrocaixa, o saldo da administração Rous: US$ 24 e muitas dívidas.

7. Contas no vermelho não impressionaram o brasileiro. Impressionou-o, sim, a pobreza da sede da mais importante entidade do futebol mundial, então comemorando seus 70 anos. Havelange avisou a Kasser: — O senhor vai sair daqui. Vamos lhe comprar a casa que o secretário-geral da Fifa merece. Com empréstimos em bancos suíços, não só a casa foi comprada. A nova sede, a Fifa House, foi inaugurada em 1979, no bairro de Hitzigweg. Em 1998, Havelange deixou a presidência, passando o comando a Joseph Blatter, seu secretário-geral, e tornou-se presidente de honra.