16 de outubro de 2020

DIFERENCIAL DELTA E A FRAUDE ELEITORAL!

1. Na eleição para governador do Estado do Rio de 1982,  a consultoria responsável pelo processamento dos votos -Proconsult- ao meio de uma enorme polêmica sobre a fidelidade da apuração, destacou seu principal técnico para explicar. Este desenhou uma equação em que procurava demonstrar por que as pesquisas estavam equivocadas e o candidato do PDS -Moreira- venceria o candidato do PDT -Brizola.

2. Afirmava ele, e escrevia sua demonstração, que as pesquisas não levavam em conta o fato que a vinculação total do voto levava o eleitor de Brizola, em geral de menor instrução, a errar um dos votos, ao escrever seu voto na cédula. Com isso, o voto todo seria anulado, conforme a lei determinava.

3. As pesquisas não poderiam pré-identificar isso. E ele escrevia no papel a expressão: DELTA DIFERENCIAL. Ou seja, DELTA seria a diferença a menor para Brizola e a maior para o total dos nulos. E por essa razão ganhava Moreira.

4. A Rádio JB (Procopio Mineiro…) apurava o que podia, e mesmo sem poder concluir todos os votos, interrompeu a apuração e projetou que Brizola venceria. Mas o assessor de apuração do PDT -Cesar Maia- havia recolhido todos os boletins e, seu processamento dos votos, apenas um pouco mais atrasado que a Proconsul, demonstrava com provas documentais que o DELTA DIFERENCIAL era apenas uma hipótese, mas que não estava ocorrendo.

5. Na verdade, o que ocorria era uma fraude. O “diferencial delta”, era um desvio incluído no software, que ia transferindo votos válidos para nulos e, com isso, reduzindo a votação de Brizola e produzindo a vitória do candidato do PDS.

6. Ao meio da confusão e da polêmica, o presidente do TRE convocou as partes e perguntou o que diziam a respeito. Cesar Maia respondeu mansamente: “O PDT quer apenas a cópia das listagens da Proconsult, urna a urna, pois estamos processando tudo, boletim a boletim”. O ex-coronel responsável pelo CPD -centro de processamento de dados- de forma cortante disse: “Então começa tudo de novo”. O Presidente do TRE colocou a mão na cabeça e disse: “Meu Deus”! A foto desse momento foi colhida pela imprensa, que estava do lado de fora do pleno.

7. Nessa mesma eleição de 1982, o processamento do PDT demonstrou que, pelo menos, uma deputada havia tido seus votos subtraídos pelo sistema. O TRE acatou e lhe deu o mandato.

8. Quase quarenta anos depois, a memória desses fatos se faz necessária, pois essa fraude abriria um forte golpe no processo de democratização. Poucos anos depois, Brizola pediu que Cesar Maia assessorasse a deputada Erundina na apuração para prefeito de SP. Outra vez se evitou uma fraude, e o coordenador da campanha de Maluf registrou isso na entrada da TV BAND. Erundina entrevistada por Jô Soares foi acompanhada de Cesar Maia para qualquer dúvida a respeito.

9. Nos estudos realizados em série anterior, para a eleição de Erundina, Cesar Maia deduziu que o “diferencial delta” já havia sido usado antes, e pelo menos na derrota de FHC para Jânio.