15 de julho de 2014

RISCOS INSTITUCIONAIS NA CAMPANHA 2014!

1. O General Santander, parceiro de Bolívar na guerra da independência da Colômbia (depois presidente com a jornada de Bolívar em direção ao Peru), cunhou uma frase que tem um enorme destaque na Plaza Mayor de Bogotá: “A independência se conquista com as armas; a liberdade se conquista com as leis.”

2. A filósofa Arendt, num seminário em 1959, diferenciava as revoluções francesa e russa da americana (das 13 colônias).  As duas primeiras lutavam pela justiça social, por quaisquer meios; a americana lutava pela justiça social e pelas instituições ao mesmo tempo.

3. Nos momentos de crise -como o que vive o Brasil agora, setores políticos, em geral populistas, denunciam os problemas sociais e propõem atingir a justiça social atropelando as leis. Assim tem sido por aqui nestes últimos anos na Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e até Argentina.

4. As manifestações de junho de 2013 e posteriores têm um elemento causal, produto do pragmatismo institucional do governo federal: o descrédito nas instituições. A pesquisa sistemática que faz a FGV tem demonstrado a mesma coisa. O governo federal e o PT intensificaram seu discurso de descrédito nas instituições, especialmente nas instituições políticas e nos meios de comunicação.

5. Esse é um perigoso processo sinérgico que, já no início da campanha eleitoral, ganhou destaque com o avanço de Lula sobre as instituições, ao apontar para os eleitores o ódio das elites, respondendo as vaias sonoras em Dilma. As acusações ao STF. E a repetir sistematicamente a necessidade de controlar os meios de comunicação. Apenas 3 exemplos.

6. É sempre assim em boa parte da América do Sul. Uma crise localizada é respondida com uma proposta de intervenção. Até no futebol, depois dos 7×1.

7. Essa é a tendência dessa campanha eleitoral: a campanha de Dilma responderá ao agravamento de seus problemas questionando as instituições e apontando para um futuro de perigosas mudanças para a normalidade democrática.

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O BANCO DOS BRICS!

(Blog de Mauricio David, Economista) 1. Em 1979 um grupo de intelectuais brasileiros que retornavam do exílio juntou-se em um projeto, liderado pelo sociólogo Luiz Gonzaga de Souza Lima, para criar a primeira instituição acadêmica brasileira voltada para o estudo das Relações Internacionais, então uma disciplina nascente na universidade brasileira. Surgia então o IRI-Instituto de Relações Internacionais, da PUC/RJ,  do qual tive a honra de ser um dos fundadores ao lado do prof. Souza Lima e de uma plêiade de acadêmicos. Já naquela ocasião, era grande a pressão americana para que o Brasil assumisse parte das responsabilidades financeiras do Banco Mundial e do FMI, sob a alegação de que o Brasil já era um país “industrializado” (criou-se até uma terminologia nova – NICs, Newly Industrializing Countries).

2. O governo brasileiro – e principalmente o Itamaraty – se opuseram fortemente, alegando que seria um “ardil” dos países desenvolvidos. 35 anos depois, para alegria dos Estados Unidos, do Japão e da União Europeia, a “velha” proposição do início dos anos 80 vê a luz com a iniciativa do Banco dos BRICS e do Fundo complementar ao FMI, a ser assumido pelos países do Sul (entre os quais, o Brasil). Os americanos estarão muito contentes, pois é tudo o que vinham pedindo… No entanto, aqui do lado do Sul, há gente que solta foguetes, acreditando ingenuamente que se trata de uma iniciativa para romper a hegemonia dos países centrais. Precisamos estudar mais o que se passa no espaço geoeconômico e geopolítico globais, para não nos deixarmos iludir tão facilmente…”