COINCIDÊNCIAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS NAS REELEIÇÕES DE FHC E DILMA E DESDOBRAMENTOS!
1. FHC e Dilma enfrentaram a campanha para a reeleição em meio a uma crise econômica que se traduziu em forte recessão. Em 1998 o PIB caiu –0,1%. Em 2014 o PIB ficou em 0%. O déficit público em 1998 alcançou –7% do PIB e em 2014 -5% do PIB. O Déficit nas transações correntes em 1998 chegou a -4,5% do PIB e em 2014 foram -4% do PIB. A indústria teve queda nos dois casos em torno de -2,5%.
2. Tanto na campanha eleitoral de 1998 quanto na de 2014 foram aplicadas as mesmas fórmulas. Em 1998 a publicidade de FHC sinalizava graves riscos para a economia com a vitória de Lula. Prevaleceu a tática do medo e da insegurança. Em 2014 a publicidade de Dilma sinalizou graves riscos para os mais pobres com a vitória de Aécio. O mesmo.
3. FHC venceu Lula no primeiro turno. Mas em 1998 o tertius era Ciro Gomes, que ficou na faixa dos 10%. Na hipótese de um tertius como Marina, que passou dos 20%, provavelmente a eleição em 1998 caminharia para o segundo turno. A campanha de Dilma bateu forte em Marina para deslocá-la do segundo turno. A campanha de FHC bateu forte em Ciro para garantir a vitória no primeiro turno. Nos dois casos, os segundos colocados –Lula e Aécio- ficaram na mesma faixa de votos: 32%.
4. Do ponto de vista meramente eleitoral, as duas campanhas jogaram certo eliminando o tertius que seria um adversário muito difícil de ser batido no segundo turno, pois somaria o eleitorado inteiro de quem ficasse de fora: Lula e Aécio.
5. As crises financeiras –asiática e russa- 97/98- abalaram muito mais a economia brasileira que os desdobramentos de médio prazo da crise financeira de 2008, pois esta impactou fundamentalmente os países desenvolvidos da América do Norte e da Europa. As medidas adotadas após as crises tiveram forte repercussão. Governo FHC, reeleito, teve que enfrentar a grave crise cambial com enorme fuga de capitais, vis a vis o real supervalorizado, tendo que lançar a taxa de juros a estratosféricos 45% e triplicar o câmbio. Dilma recebeu de Lula uma herança fiscal que foi se ampliando progressivamente até estourar em 2014. E a perda de competitividade da economia, transformando um significativo saldo comercial em déficit, agora no final de seu governo.
6. A herança da reeleição não foi apenas econômica: foi principalmente política. A imagem de FHC foi afetada e mesmo durante a eleição de 2014, 16 anos depois, as pesquisas mostravam que ainda não havia recuperado a imagem que teve em grande parte de seu primeiro governo. Com isso, naturalmente, vieram duas novas gerações com Serra e Alckmin/Aécio, que ainda sentiram o desgaste de 1999-02, embora de forma decrescente no tempo.
7. Dilma, que chegou à presidência por impulsão de Lula, não sendo um personagem político autoconstruído, não tem liderança sobre seu partido e não tem perspectiva eleitoral futura. Cumprirá seu mandato até o final e tenderá a ficar fora da cena política. FHC, ao contrário, mesmo com aqueles problemas que poderiam afetar qualquer projeto politico pessoal, nunca deixou de ser e continua a ser um personagem político relevante – interna e externamente, por seu talento inquestionável. Portanto, independente do desgaste, manteve-se no primeiríssimo pleno da politica nacional. Dilma terá que absorver para si os problemas e descolá-los de Lula de forma a abrir caminho para que Lula –que manteve até aqui, sua imagem popular- chegue a 2018 competitivo na eleição presidencial.
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BANCO MUNDIAL: INCERTEZA SOBRE BRASIL ELEVADAS!
(Folha de SP, 14) 1. O Banco Mundial (Bird) disse que as incertezas sobre a política econômica do Brasil “continuam elevadas” mesmo após a eleição de 2014. Em relatório sobre a economia global divulgado nesta terça (13), os economistas da instituição apontam incertezas sobre as políticas fiscal e monetária e sobre a agenda de reformas estruturais.
2. Também escrevem que a “confiança” na recuperação do país é “fraca” e preveem crescimento “modesto” neste ano e no próximo. “O declínio dos preços das commodities, a demanda mais fraca de parceiros comerciais como Argentina e China, secas, contração do investimento e incertezas eleitorais levaram a um declínio acentuado no crescimento”, descreve o relatório.
3. O texto acrescenta que o déficit fiscal saltou após “empréstimos públicos e deduções fiscais, medidas de estímulo” em 2014, quando o PIB teria avançado apenas 0,1%. Já a desvalorização do real, de 20% em 2014, é atribuída a “preocupações dos investidores quanto aos desequilíbrios macroeconômicos”.