FUSÃO DA GUANABARA E ESTADO DO RIO! O QUE TERIA SIDO MELHOR?
1 O artigo “Fusão veio 15 anos depois”, do economista Mauro Osório e dos historiadores Paulo Cesar Reis e Maria Helena Versiani, discute a tese de que a ideia da fusão surgiu ainda no calor dos debates da fase final da transferência da capital para Brasilia, mas teria sido interrompida por interveniência do deputado Nelson Carneiro. Se tivesse ocorrido naquele momento –segundo eles- a fusão teria sido muito mais orgânica e produtiva, porque o Brasil vivia num regime democrático. 2. Pode ser. Porém, o mais provável é que a própria ebulição democrática tenha impedido a ideia de fusão. O principal líder da oposição a JK –Carlos Lacerda- tinha sua base política no Rio/Guanabara. Essa também era a principal base política do PTB (Sergio Magalhães), que praticamente empatou com a UDN na eleição de Lacerda em 1960. E no Estado do Rio, nesse período, florecia a liderança de Roberto Silveira que, eleito governador, surgia como presidencável do PTB. A resistência à fusão, portanto, tinha fortes lideranças políticas. 3. Olhando de hoje para trás, a melhor decisão teria sido aquela adotada por Nova York no final do século 19. Nova York era apenas a Ilha de Manhattan. Mas seu entorno (Queens, Brooklyn…) conformava um todo com Nova York, compartilhando problemas de saúde, educação, segurança, água, lixo e transportes. A decisão foi realizar a fusão de Nova York com esse seu entorno, tornando as políticas públicas muito mais eficientes por incorporarem as áreas sócio-urbanamente associadas, por serem dormitório de Manhattan, muito mais rica, que atraía cultural e comercialmente e tinha serviços públicos mais desenvolvidos que serviam também ao entorno. 4. A cidade do Rio de Janeiro –Rio- tinha situação semelhante com a Baixada Fluminense, que cresceu como “bairros” dormitórios do Rio. O emprego estava no Rio. Os hospitais estavam no Rio. O Maracanã estava no Rio. As escolas de Samba, os cinemas, as praias… Tenório Cavalcanti, deputado de Caxias, mudou o título eleitoral e em 1960 obteve 20% dos votos, contra uns 30% de Lacerda e Sergio Magalhães. 5. Portanto, a decisão correta seria fundir o Rio com a Baixada. Decisão que não podia ser tomada em 1960 por razões políticas, mas podia e devia ser tomada depois, pelas mesmas razões. Toda a discussão posterior –até hoje- sobre os sistemas de transporte, segurança, água, energia, e saúde- que se arrastam até hoje, passariam a ser decisões incorporadas a um Estado conurbado e rico, e não hoje com sub-regiões distintas. 6. Assim pensava Amaral Peixoto, com a localização da Refinaria Duque de Caxias. Com a chegada posterior da economia do petróleo e depois com os royalties, o Estado do Rio seria um estado financeiramente poderoso. O sul industrial, a região serrana, e a região dos lagos e norte que se integraram à economia do petróleo. E o noroeste que buscaria novas associações sub-regionais. 7. Os problemas de infraestrutura e sociais da Baixada Fluminense seriam enfrentados por um estado rico como o foi o Estado da Guanabara. Ao par com Nova York, 70 anos antes, essa teria sido a decisão adequada para o Rio pós-capital. |