EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE A POLÍTICA NO RIO E 2014!
1. Ex-Blog: O que 2012 preparou para a política do Rio daqui para frente? CM: Costumo sempre, ao olhar para frente, primeiro dar uma olhada para trás. Paul Valéry tem uma frase muito boa para os dias de hoje, que se aplica bem: “Agora temos um novo futuro”. O ano terminou com o binário PMDB-PT enfraquecido no Rio e seus parceiros não abriram um novo vetor de força.
2. Ex-Blog: Mas como? O PMDB venceu disparado no primeiro turno, na Capital. CM: Aliás, nenhuma novidade. Reeleição de governo que tem pelo menos uma avaliação sofrível é certeza. Vide Porto Alegre e Belo Horizonte. Até o Conde –sem mobilidade e sem comunicabilidade- abriu 10 pontos no primeiro turno e só perdeu o segundo na véspera da eleição.
3. Ex-Blog: Mas a oposição teve um resultado pífio. CM: Do ponto de vista porcentual dela em si, é verdade. Mas meus cálculos partem dos enormes espaços abertos pelos que estão no poder para a oposição em 2014. A começar pelo dia seguinte da eleição, quando o PT e o PMDB anteciparam que tem candidatos a governador em 2014. Ou seja, se é assim, serão um casal na prefeitura da Capital dormindo em quartos separados. Não era assim durante 2012. É agora. E nós apresentamos nossos nomes da nova geração a milhões de pessoas. Semeadura…, certamente. Em SP isso não ocorreu.
4. Ex-Blog: O que 2014 trará de vantagem para a oposição? CM: Primeiro, teremos uma eleição presidencial competitiva. Se em 2010 o PT levou um susto no início do segundo turno, imagine agora com a perda de controle do Congresso pela Presidenta, com a economia patinando e com as vísceras do PT expostas. Lula era Santo em 2010. Nestes dois anos ele foi desbeatificado. Um quadro diferente. A puxada competitiva da oposição em nível nacional alavancará as candidaturas dos governadores vinculados e, com isso, maiores bancadas federais. No Rio especialmente pela sua importância na eleição presidencial.
5. Ex-Blog: Quem será o candidato do DEM em 2014 a governador? CM: Depende da bússola nacional. Qual será a nossa Meca? Confederar o DEM para 2014? Convergir organicamente com o PSDB, passando uma borracha em 2010? Ter candidato próprio para levantar a legenda e a bancada federal? Olhar para 2012 e avaliar novos vetores com ascensão nacional? Antecipar o inevitável processo de afunilamento partidário em longo prazo? Apostar na dispersão de 2012, em que o partido com mais votos proporcionais chegou a apenas 11% no Brasil? Nos próximos meses a bússola nacional nos estará orientando.
6. Ex-Blog: E sua participação? CM: Meca continua a leste. Sendo minoria na câmara municipal tudo fica mais fácil. Minorias fazem política para fora dos parlamentos. Maiorias para dentro. O uso das redes ajuda muito a fazer política para fora. Em vez de emitir só dos escritórios que uso hoje, emitirei também do plenário da Câmara. E com mais…, estrutura. Em 2005 falavam de um prefeito virtual. De uns poucos anos para cá isso passou a ser um diferencial: quem não faz está fora do jogo. Serve para a política, para o jornalismo, para as relações pessoais, para as empresas, para o entretenimento…, para quase tudo. Como comecei na frente –primeiro blog de políticos do país- a experiência me facilita muito. E mais, algo que me motiva muito: sou assessor de política internacional da presidência do DEM/FLC, vice da IDC e da UPLA. Darei continuidade a este trabalho.
7. Ex-Blog: Uma mensagem de final de ano. CM: Umas semanas atrás reli “Os sofrimentos do jovem Werther” de Goethe (1744) que abriu o ciclo do romantismo. Difícil destacar um só pensamento de suas cartas. Mas vai lá um: “Os tolos não veem que não é o lugar (posição) que importa. Aquele que ocupa o primeiro raramente desempenha o papel principal. E quem é então o primeiro? É aquele que possui poder ou astúcia suficientes para empregar todas as suas forças e paixões na execução de seus planos.”
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MARCOS VALÉRIO DIZ QUE MENSALÃO PAGOU DESPESAS DE LULA E QUE SENADOR DO PT TAMBÉM RECEBEU!
(Estado de SP, 11) 1. O empresário Marcos Valério disse no depoimento prestado em setembro à Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar “despesas pessoais” de Lula. Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu “ok”, em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada. Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT.
2. Disse que seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta “blindagem” de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel.
3. Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).
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HSBC PAGA MULTA, NOS EUA, DE QUASE 2 BILHÕES DE DÓLARES POR RECURSOS DE CARTÉIS DO NARCOTRÁFICO!
(El País, 11) 1. O banco HSBC aceitou pagar uma multa de 1,9 bilhão de dólares como parte de um acordo com o governo dos EUA, encerrando uma investigação aberta no início do ano por suposta permissividade com criminosos em vários lugares do mundo, que empregaram seus serviços para lavar dinheiro do narcotráfico e destinado a financiar operações terroristas.
2. O Senado dos EUA acusou o HSBC, em um informe difundido em julho, de não adotar medidas, apesar de que tinha indícios razoáveis de que usavam suas contas cartéis narcotraficantes mexicanos para transladar fundos aos EUA, assim como bancos sauditas relacionados com grupos terroristas. O governo, através do Departamento de Justiça realizou, simultaneamente, sua própria investigação.
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RAFAEL CORREA PRESIDENTE DO EQUADOR É MUITO MAIS QUADRO QUE CHÁVEZ!
1. Os que imaginam que Chávez representa os riscos de um populismo autoritário para o futuro, se enganam. Não pelo estado de saúde de Chávez, mas pela formação de cada um. Chávez é um populista primário, cercado de assessores também primários. Rafael Correa, presidente do Equador, é um quadro, mestre em economia pela Universidade de Lovaina-Bélgica e doutor pela Universidade de Illinois-EUA, com a tese “Tres ensayos acerca del desarrollo contemporáneo latinoamericano”. Toda a sua equipe de assessores é de doutores em universidades dos EUA que se comprometeram com seu projeto, alguns trocando boa situação em mercado. É a Corrrea –49 anos- que cabe o foco de atenção de quem tem preocupação com a democracia na América Latina. Deve se re-releeger presidente em fevereiro com 60% ou mais de votos no primeiro turno. A moeda de curso oficial do Equador é o dólar, estabelecido em 2000 pelo presidente Mahuad.
2. (Uma das respostas de Rafael Correa na entrevista à Folha de SP, 10) FSP: O sr. é favorito para ser reeleito em fevereiro e sempre se queixa da economia dolarizada. Vai reverter isso num eventual novo mandato? R: Não. Manteremos a dolarização. Os custos de sair da dolarização seriam dramáticos. Em economia, há coisas muito fáceis de impor, mas muito difíceis, quase impossíveis, de desfazer. Vejam a traumática saída da conversibilidade argentina. E a Argentina ainda havia mantido a sua moeda nacional, e o Equador a eliminou. Isso seria tremendamente traumático. O que temos de fazer é política econômica em função da rigidez desse sistema dolarizado.
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POLÍTICA DE SEGURANÇA NÃO É COMPETIÇÃO POR RESULTADOS, MAS A MULTIPLICAÇÃO SUSTENTADA DA CAPACIDADE DE AÇÃO DO ESTADO!
(Excelsior, 07) 1. Na estratégia de segurança da nova administração do presidente Peña Nieto, do México, será dada prioridade à cooperação entre os governos federal, estadual e municipal, “não é uma competição” entre os diferentes níveis de governo, disse ontem o presidente Enrique Peña Nieto, durante sua primeira viagem de trabalho.
2. “Estão enganados aqueles que acham que esta é uma competição por resultados, quando na verdade se trata de conseguir a multiplicação da capacidade do estado mexicano com a participação dos três níveis de governo”, disse Peña Nieto.
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ELEIÇÕES EM ISRAEL EM 22 DE JANEIRO!
(Thomas Friedman – New York Times, 05) 1. Espanta-me o que acontece politicamente aqui em Tel Aviv. Na direita, a velha geração de líderes do Partido Likud, que pelo menos mantinha relações com o mundo, falava Inglês e respeitava a Suprema Corte de Israel, foi colocada de lado nas últimas primárias por um ascendente grupo de colonos ativistas de extrema direita que estão convencidos de que os palestinos já não representam mais uma ameaça e que ninguém pode remover os 350.000 judeus que vivem na Cisjordânia.
2. Esse grupo de extrema direita é tão arrogante e indiferente às preocupações dos Estados Unidos que anunciou planos para a construção um enorme bloco de assentamentos no coração da Cisjordânia – em retaliação à votação da ONU que concedeu Palestina a categoria de Estado observador.
3. Os principais candidatos para as eleições de 22 de janeiro nem sequer contemplam a pacificação dentro de suas propostas, e parecem obedecer a supremacia da direita nesta matéria. Um dos líderes dos assentamentos israelenses me disse que na Cisjordânia, atualmente, o principal problema “são engarrafamentos de trânsito”.
4. Alegra-me que o muro e o escudo de ferro protejam os israelenses de inimigos que querem prejudicá-los, mas eu temo que o muro e o escudo também os impeça de ver as verdades que precisam resolver com urgência.