“TITE É BIPOLAR”!
Ex-Blog entrevista um técnico sênior, de larga experiência nacional e internacional.
Ex-Blog: Com sua enorme experiência como treinador de clubes e seleções de futebol, como analisa a performance do técnico Tite na Copa do Mundo de 2018?
Técnico Sênior: Não é uma análise simples e, por isso, preferi não responder com meu nome. Ele se tornou uma unanimidade da mídia e dos comentaristas e foi aclamado, talvez em função disso, pela opinião pública.
EB: Mas se tiver que avaliar Tite como treinador da seleção brasileira nesta Copa do Mundo de 2018, de uma forma -digamos- sintética, como o focalizaria?
TS: Vamos tratar desta Copa do Mundo. Pelo menos, nela, Tite foi BIPOLAR.
EB: Explique.
TS: Para facilitar, vamos ficar com as imagens de Tite, nas transmissões e cobertura da televisão. Nas entrevistas pessoais e nas entrevistas coletivas, Tite respondia como um intelectual, como um cientista do futebol. Falava de forma professoral. Fatiava suas explicações em técnicas da equipe e dos jogadores e psicológicas da equipe e dos jogadores. Aparecia como um verdadeiro doutor de futebol e de psicologia esportiva.
EB: Bem, esse é um aspecto, um polo. Mas você falou em bipolar. Qual o outro polo?
TS: Mas quando entrava em campo e começava a partida, Tite se transformava. Na beira do campo perdia a serenidade das entrevistas. Era como se perdesse o autocontrole. A emoção o levava a correr, gritar, assobiar como se estivesse com um apito na boca. Gritava, gesticulava, apontava de longe para os jogadores como se eles pudessem à distância entender os berros e os gestos. Sua queda depois de um gol do Brasil é exemplo disso.
EB: É isso que você chama de bipolaridade no Tite?
TS: Exatamente. Os jogadores não tinham como entender essa transformação. O psicólogo dos jogadores os tratava paternalmente. Isso certamente os inibia. Nas entrevistas e coletivas, ele dizia que teve uma conversa pessoal de pé do ouvido, com este ou aquele jogador quando justificava seus atos. Então para que dar essa informação à imprensa?
EB: Essa bipolaridade que efeito tinha?
TS: Inevitavelmente produzia confusão nos jogadores. Talvez explique o comportamento oscilante do Neymar, por exemplo.
EB: Que outro exemplo?
TS: As expressões faciais de Gabriel Jesus, na fronteira do sério e do choro, é uma imagem clara disso. O zagueiro David Luiz foi muito criticado em 2014, por seus impulsos, alegrias e choros. Tite, na beira do campo, foi um David Luiz de 2014 em 2018. A seleção não teve capitão fixo. Não precisava, pois Tite “acumulava”.
EB: Compare com os demais técnicos?
TS: Na beira do campo quem mais se aproximou de Tite foi o técnico argentino Sampaoli. Por isso terminou “substituído” de fato pelo jogador Mascherano. Repare a postura dos técnicos vencedores em 2018. O técnico da Croácia, de terno, assistia os jogos sentado em boa parte do tempo. Os técnicos inglês, francês e belga, para apenas citar estes, da mesma forma. Na beira do campo, mostravam postura e tranquilidade.
EB: Vamos tratar de Tite tecnicamente, como tático, como estrategista em campo. O que comentaria?
TS: Nosso acordo para esta entrevista era não tratar destas questões, pois isso depende também de como formulam seus adversários. Mas para não deixar você sem resposta, vamos lá. O técnico do México inverteu a tática que usou contra a Alemanha e partiu no início do jogo contra o Brasil de forma intensamente ofensiva. Demos sorte, pois o México poderia ter feito naquele início do jogo um ou dois gols. O técnico da Bélgica copiou Osório, do México. E deu certo, fazendo dois gols. Tite, contra a Bélgica, deveria ter avaliado a possibilidade de a Bélgica fazer como o México. Resultado: levou dois gols, se perdeu no primeiro tempo e só foi acordar no segundo tempo. E vou ficar por aqui. E no caso de Fernandinho, quem errou foi Tite e não ele.
EB: Algo mais para terminarmos a entrevista?
TS: O Brasil venceu cinco Copas do Mundo. Só em 1958 venceu na Europa, na Suécia. 60 anos atrás. Todas as demais quatro foram vencidas fora da Europa. Tite deveria se alertar para isso.