REFORMA POLÍTICA!
1. No Chile, o parlamento debate, neste momento, uma reforma eleitoral. O sistema eleitoral chileno é binominal. Em cada distrito são eleitos os 2 deputados mais votados. Isso provocou a coligação dos partidos de Centro e Centro-Esquerda (a Concertación) por um lado e dos partidos de Centro e Centro-Direita (a Aliança) por outro. Esse sistema dá estabilidade ao parlamento. As duas coligações tendem sempre a um quase empate.
O debate avança, no parlamento chileno, na direção de adotar um sistema proporcional e, assim, desfazerem-se as duas grandes coligações.
2. Nas eleições parlamentares na Espanha, neste final de ano, que decidirá a maioria que governará o país, surgiram duas forças que tiveram origem nas redes sociais e que foram ganhando opinião pública: o Podemos e o ‘Cidadãos’. Na eleição para o parlamento europeu, o Podemos conquistou alguma cadeiras. O ‘Cidadãos’ ainda não foi testado.
3. Podemos lidera pesquisa Metroscopia divulgada por El País (08). Os quatro partidos estão num empate técnico. Podemos lidera com 22,5%, seguido do PSOE com 20,2%, PP com 18,6% e ‘Cidadãos’ com 18,4%. A rejeição ao governo Rajoy é extremamente alta, variando de 74% a 50% conforme a pergunta. Veja o gráfico. Assim, Podemos e ‘Cidadãos’ discutem a construção de uma coligação eleitoral, de forma a constituir uma bancada majoritária de maioria simples.
4. A eleição do final do ano vai ser um teste importante para o sistema eleitoral espanhol. Vai permitir verificar se o sistema de Lista por Distrito, adotado na Espanha, inibe ou não que a expressão de opinião pública do Podemos e ‘Cidadãos’ não se confirme em número de deputados eleitos. Ou seja, se os partidos tradicionais, com capilaridade, estrutura, com governos (nacional, regionais e municipais), PP e PSOE, no sistema eleitoral espanhol de Lista por Distrito, inibirão a expressão, em votos, dos partidos que crescem aquecidos pela opinião pública (Podemos e Cidadãos).
5. No Reino Unido, a formação de uma maioria parlamentar para governar levou o partido Conservador a se coligar com o Liberal-Democrata. Mas, para isto, o governo conservador se comprometeu a submeter a plebiscito o atual sistema de pequenos distritos uninominais. Nesse sistema atual, os maiores partidos (Conservador e Trabalhista) elegem proporcionalmente mais deputados que a proporção de votos que obtêm. Curiosamente a ampla maioria dos eleitores (mais que 60%) optou por manter o sistema eleitoral atual.
6. Não há modelo ideal de sistema eleitoral. Em cada país se adota o modelo que for mais adequado politicamente na conjuntura em que se decide. O sistema eleitoral brasileiro é único no mundo (voto proporcional aberto) e, em nome da proporcionalidade, termina gerando esquemas para a produção de legendas e, assim, eleger mais deputados. Isso ocorre através dos puxadores de legenda (Tiririca, Enéas…), ou contratando lideranças locais ou corporativas, que mesmo sem nenhuma chance de se eleger, agregam 2, 3, 4 mil votos cada à legenda, ajudando a eleger mais deputados.
7. Nesse sentido, e é assim em todos os sistemas eleitorais nos regimes democráticos do pós-guerra, o desenho do novo sistema eleitoral é muito mais matéria para os políticos que para os cientistas políticos. E assim será agora no Brasil, através da decisão a ser tomada pela Comissão de Reforma Política, já constituída.
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COMO ERA ESPERADO, A BOLHA IMOBILIÁRIA ESTOURA!
(Globo, 08) 1. Lançamentos em série, vendas meteóricas, escalada de preços. Esqueça. Tudo isso ficou no passado do mercado imobiliário brasileiro. Com a crise político-econômica, os negócios no setor esfriaram. Houve estabilização de preços e, com o freio no consumo, os estoques de unidades prontas cresceram.
2. Ano passado, as vendas de imóveis encolheram 35% e não dão sinal de recuperação. Para ganhar a confiança do agora supercauteloso consumidor, construtoras e imobiliárias já oferecem promoções de até 20% de desconto e negociam melhores condições de pagamento. No segmento de imóveis usados, que precisa concorrer com a grande oferta de novos, as reduções de preço são mais frequentes, mesmo em cidades como o Rio, considerada a melhor praça do setor no país.
3. Nesse cenário, a exemplo do que já fizeram ano passado, as construtoras vão reduzir lançamentos em 2015. Em São Paulo, o estoque de imóveis prontos é recorde, com mais de 27 mil unidades à espera de comprador. Em Brasília, as vendas caíram pela metade, puxando redução de até 20% nos preços.
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ISRAEL: ELEIÇÃO EM 17/03: FRAGMENTAÇÃO E IMPREVISIBILIDADE!
(El País, 09) 1. Todas as pesquisas refletem um empate técnico entre as grandes forças que disputam as eleições legislativas e por elas o governo, no próximo dia 17 de março. O conservador Likud do primeiro ministro Netanyahu e a coalizão de centro-esquerda União Sionista liderada pelo trabalhista Isaac Herzog e a ex-ministra Tzipi Livni, disputam cabeça com cabeça, numa campanha eleitoral marcada pela fragmentação do voto e o crescimento dos pequenos partidos. A emergência de forças de novo perfil, e a aliança das formações árabes-israelitas contribuem a agregar incerteza sobre as urnas.
2. O antigo debate político entre uma direita mais preocupada com segurança e uma centro-esquerda que busca transformações sociais já não atrai a atenção dos eleitores. À volatilidade dos partidos personalistas e as contínuas cisões surgidas nas grandes forças, se soma a presença de partidos religiosos judeus em seus dois grandes vetores –sefardi e askenazi- que tentam se incorporar às coalizões, governe quem governe, para defender seus interesses.
3. Das cadeiras em disputa as duas forças que lideram as pesquisas teriam 23 cada ou 19% cada. As demais 9 forças que disputam o poder teriam entre 5% e 10%.