MINAS X S. PAULO! CAFÉ SEM LEITE!
1. A coluna Panorama Político, de Ilimar Franco no Globo (09), informa que José Serra, ex-governador de SP, não apoiará Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, para a presidência da República. Bem, voltamos à República Velha.
2. Depois de 3 presidentes paulistas –Prudente de Moraes, Campos Sales e Rodrigues Alves-, S. Paulo tentou emplacar o governador Bernardino de Campos. A reação foi geral, especialmente de Minas Gerais. O acordo era que a presidência ficasse com Afonso Pena, governador de Minas Gerais e que se estabelecesse um equilíbrio entre S. Paulo e Minas Gerais.
3. Essa política foi chamada de CAFÉ COM LEITE, na época, S. Paulo e Minas Gerais, os maiores produtores respectivamente. E assim foi com Venceslau Brás (MG), Rodrigues Alves (SP) (que faleceu), Artur Bernardes (MG) e Washington Luis (SP).
4. Mas Washington Luis resolveu interromper a política de Café com Leite e lançou e elegeu Julio Prestes, governador de SP. A reação do binômio Minas Gerais e Rio Grande do Sul precipitou uma guerra civil, liderada pelo gaúcho Getúlio Vargas, que havia perdido as eleições e veio com apoio total de Minas Gerais.
5. O resultado foi a revolução de 1930, com Getúlio terminando por assumir poderes plenos. Em 1932, alegando que Getúlio tinha assumido poderes ditatoriais, S. Paulo se rebela na Revolução de 1932, sendo derrotado. A fronteira com Minas foi bloqueada. Lá, estava trabalhando na linha de frente o médico Juscelino Kubitschek, depois deputado federal, governador de Minas e presidente do Brasil.
6. Espera-se que não voltemos à República Velha, com Minas x S. Paulo ou mesmo com Café sem Leite. Marx lembrava no “18 Brumário” que a história se repete como farsa.
* * *
NOTAS SUL-AMERICANAS!
1. CHILE! A agência de classificação de risco “Standard & Poors” elevou a nota da dívida soberana do Chile em moeda estrangeira, de A+ para AA-. A classificação é a mais alta jamais obtida por um país latino-americano. A S&P também elevou a classificação da dívida chilena em moeda local de AA- para AA+.
2. PERU! O ex-Chanceler García Belaúnde afirmou que o litígio com o Chile perante a CIJ -o diferendo marítimo- mobilizará parte significativa das atenções da Chancelaria local em 2013 e a questão não se encerrará uma vez seja proferida a sentença. No seu entender, os governos e as sociedades peruana e chilena devem envidar esforços para que a decisão emanada da Haia seja um marco para a melhoria das relações bilaterais. Lançou dúvidas sobre o futuro da Comunidade Andina, diante da aproximação do Equador e da Bolívia ao MERCOSUL.
Assinalou a necessidade de que a Aliança do Pacífico desenvolva projetos ambiciosos, que possam trazer resultados concretos.
3. BOLÍVIA! O mais recente leilão de bloco de exploração realizado pela boliviana YPFB (30/dez) foi vencido pela Petrobras. A empresa parece ter demonstrado nível de agressividade na oferta compatível com a visão estratégica que hoje prevalece na matriz sobre o papel da Bolívia nos seus planos. Em momento em que a Petrobras vem desfazendo-se de seus ativos no exterior, a Bolívia apresenta-se como único mercado externo onde há aumento de investimentos. Tendo em vista a insegurança jurídica para os investimentos estrangeiros na Bolívia, essa atitude não pode deixar de ser preocupante, além de intrigante.
4. VENEZUELA! Embaixador Rubem Barbosa (ESP, 08) “Ainda está presente na memória recente a dura posição adotada pelo governo brasileiro no âmbito do Mercosul, com a suspensão do Paraguai do grupo em função do juízo político do presidente Lugo no Congresso, sob o argumento de que houve um golpe e que a constituição não foi cumprida. A Venezuela agora é membro pleno do Mercosul. Se Chaves não tomar posse no dia 10 e, na prática, o mandato presidencial for estendido contra o que dispõe a Constituição, a cláusula democrática poderá ser invocada e terá de ser apreciada. Nessas alturas, Brasília também já deve saber como vai se posicionar. Não vale parecer da Advocacia Geral da União, como ocorreu no caso do Paraguai…”
* * *
MUDANÇAS GEOPOLÍTICAS: PAQUISTÃO/ÍNDIA, ISRAEL/SÍRIA!
1. PAQUISTÃO/ÍNDIA! Pela primeira vez em 11 anos, o Exército do Paquistão modificou o “Livro Verde” que encapsula sua doutrina militar fundamental. Entre outras alterações, a nova edição do “Livro Verde” estabelece que a mais grave ameaça à segurança nacional do Paquistão é representada pela militância islamista doméstica, e não mais pelo anterior principal inimigo externo do país, a Índia. O documento contém capítulo inteiramente novo, dedicado ao tratamento das chamadas “formas subconvencionais da guerra”, o qual descreve as ameaças representadas por indivíduos e organizações envolvidos em ações de terrorismo e guerrilha contra o Estado paquistanês. Do contingente ativo das forças terrestres, de 550 mil homens, 65% estão no patrulhamento da fronteira oriental (indiana) do país; em contraste, apenas 20% das tropas encontram-se dedicadas à proteção da faixa de fronteira noroeste (afegã), onde se situam os principais santuários dos movimentos jihadistas atuantes na Ásia Central e Meridional. A redistribuição física do poder terrestre paquistanês poderia desdramatizar as tensões militares entre Islamabad e Nova Délhi e facilitar a reconciliação bilateral.
2. ISRAEL/SÍRIA! Netanyahu anunciou que Israel construirá uma cerca nas Colinas de Golã, nos mesmos moldes da que está sendo finalizada na fronteira do Sinai. Segundo ele, a nova cerca tornou-se necessária uma vez que, do lado da Síria, “o exército sírio afastou-se e, no seu lugar, forças da Jihad Global avançaram”. Netanyahu voltou a comentar a grande instabilidade do regime sírio e sua preocupação com a questão das armas químicas naquele país. Ressaltou que Israel se está coordenando com os EUA e outros países, para preparar-se “para qualquer cenário e possibilidade que venha a ocorrer”.