A REAÇÃO DO ELEITOR AOS MEGA-CASOS DE CORRUPÇÃO TENDE A SER A ANTIPOLÍTICA!
1. Os casos de corrupção medidos em bilhões e que alcançam elites políticas, elites econômicas e elites esportivas, ganham ampla divulgação, detalhes escabrosos e enorme repercussão de opinião pública. Estão aí a Lava-Jato, a Fifa, o Zelotes, e por aí vai. Qual tende a ser a reação política dos eleitores? Já há uma vítima –a presidenta Dilma- com níveis de rejeição recordes e irrecuperáveis. Mas ela não é mais candidata a nada.
2. Na política não se aplica a lei da física de ação e reação, onde a reação é previsível e mensurável a partir da intensidade e direção da ação. Na política, o processo ação-reação é como aquela bolinha densa que as crianças jogam no chão e elas pulam para qualquer direção. Não é simples prever a reação.
3. A reação do eleitor àqueles casos, valendo as leis da física, seria um voto seletivo que buscasse a ética como resposta, como direção e sentido. Nos últimos anos, acompanhando a política na América Latina e na Europa, a reação aos escândalos não tem sido a busca de candidatos e partidos que sirvam de referência ética.
4. A ética tem sido muito mais o argumento de todos, políticos, imprensa, intelectuais, opinião pública… Argumento para sustentar a reação. As manifestações massivas nas ruas virtuais (redes sociais), nas ruas reais, nas conversas, debates, talk shows, nos legislativos, nas entrevistas, tem sempre como lastro o argumento ético.
5. Mas a escolha dos caminhos –ou a reação política/eleitoral- tem sido muito mais a ANTIPOLÍTICA. Quem pensava que esse tipo de reação era próprio e exclusividade de países subdesenvolvidos latino-americanos, recheados de caudilhos desde o período das independências, enganou-se. A antipolítica tem crescido e avançado de forma surpreendente na Europa, berço das políticas orgânicas e ideológicas.
6. Aí estão a Espanha (Podemos, Cidadãos e suas “filiais” locais), e a Itália (MV5), em suas recentes eleições regionais, com a ascensão ao primeiro escalão de partidos –antipartidos- impulsionados pelas redes sociais e pelas denúncias carregadas de fatos. O Reino Unido foi salvo pelo sistema eleitoral de voto distrital puro uninominal em pequenos distritos. Para falar dos fatos mais significativos.
7. No Brasil, os políticos e os partidos se defendem com um sistema-eleitoral que cria enormes barreiras a entrada que vão muito além da porcentagem de votos exigidos. A legislação impede acesso à TV compulsória, ao fundo partidário, à criação de partidos, à existência de partidos regionais, etc. Assim mesmo, em nível do legislativo, há casos de grande repercussão e votação como Enéas, Tiririca, Romário.
8. Agora –depois dessa cadeia de mega-escândalos- se poderá ver se a força da antipolítica que entra como um tsunami será suficiente para varrer as restrições e alcançar os poderes executivos em grandes cidades. 2016 será o primeiro teste da antipolítica “majoritária” se transformar em poderes locais significativos.
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TURQUIA: SURPRESA ELEITORAL! GOVERNO PERDE A MAIORIA ABSOLUTA!
1. Surpresa nas eleições na Turquia: o partido governante, AK, perdeu sua maioria parlamentar pela primeira vez em 13 anos; logrou 41% dos votos contados (99%).
2. Outra surpresa: HDP, pró-curdo, ultrapassou o limiar de 10%, garantindo assentos no parlamento pela primeira vez.
3. O resultado é um golpe nos planos do presidente Recep Tayyip Erdogan para aumentar seus poderes, transformando a Turquia numa república presidencial.
4. O AKP de Erdogan perdeu 51 cadeiras. O Chip (Partido Republicano do Povo) socialdemocrata, manteve-se no mesmo patamar. O MHP (Movimento Nacionalista), de direita religiosa, ganhou 29 cadeiras. HDP (Partido Curdo) passou a ter 80 cadeiras, ultrapassando a cláusula de barreira.
5. Veja o gráfico com a eleição de ontem e de 2011 comparadas.
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MÉXICO: PRI, DO PRESIDENTE PEÑA NIETO, CAI, MAS MANTÉM PRIMEIRA MAIORIA!
Eleição para a Câmara de Deputados neste domingo (07). PRI 28%, PAN (centro-direita) 20,8%, PRD 10,4% + Modena 9,25% = 19,65% (esquerda, com dissidência liderada por Lopes Obrador), PV 6,9% e MC 6,2%. Os demais devem ficar fora do parlamento pela cláusula de barreira.
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CRESCE O DESEMPREGO ENTRE OS JOVENS!
(Estado de SP, 07) 1. Dados da última Pesquisa Mensal de Empregos (PME), do IBGE, mostram que a taxa geral de desemprego em seis regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) foi de 6,4% em abril. Entre os jovens, essa taxa foi duas vezes e meia maior, e ultrapassou os 16%.
2. De 2002 a 2014, a taxa de desemprego entre jovens com até 24 anos caiu 11,2 pontos porcentuais, de 23,2% para 12%. Neste ano, essa taxa chegou a 16,2% em abril. “Demorou 12 anos para a taxa cair 11 pontos e em único ano já foram devolvidos mais de 4 pontos”, diz o pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn.