PAPA CONSAGRA NOVOS CARDEAIS E MOLDA FUTURO DA IGREJA!
(The New York Times – O Globo, 06) O Papa Francisco consagrou ontem 13 novos cardeais, escolhidos para refletir seu estilo pastoral e prioridades em uma gama de questões, incluindo imigração, mudanças climáticas, a inclusão de gays católicos, o diálogo inter-religioso e a transferência de poder na Igreja Católica de Roma para os bispos de regiões “periféricas” como África, Ásia e América do Sul. As consagrações são um marco para Francisco, que agora atinge um ponto de inflexão para moldar a futura Igreja à sua imagem. Isso porque, depois de ontem, o Papa terá nomeado mais da metade dos votantes no Colégio dos Cardeais, onde uma maioria de dois terços daqueles com menos de 80 anos é necessária para eleger seu sucessor. E, quanto mais longevo for Francisco, mais seu pontificado terá influência nos possíveis rumos da Igreja. — Quanto mais ele viver, mais cardeais teremos com o espírito do Papa Francisco — disse o arcebispo Jean-Claude Hollerich, de Luxemburgo, um dos clérigos consagrados cardeais ontem. Francisco completa 83 anos em dezembro e, dada sua idade, desde o início de seu papado, há seis anos, ele encara o papel com um sentimento de urgência, frequentemente reconhecendo a própria mortalidade. E, embora críticos liberais digam que o Papa não tem avançado rápido o bastante nas mudanças na Igreja —especialmente no que diz respeito ao papel das mulheres —, seus apoiadores destacam que ele ao menos está disposto a discutir e reconsiderar a política da Igreja com relação a clérigos casados e sua posição sobre homossexualidade e celibato. Mais concretamente, Francisco está reformatando o Colégio de Cardeais, tornando-o menos branco, menos italiano e menos representativo da cúria romana, a burocracia que governa a Igreja. Em seu lugar, o Papa tem voltado os olhos para “franquias” mais novas da Igreja. Ele está tornando o Colégio de Cardeais mais latino-americano, asiático e africano. Entre os novos nomeados cardeais ontem estão, por exemplo, prelados do Marrocos, Indonésia, Guatemala e República Democrática do Congo. — Creio que o Papa quer tornar mais visíveis igrejas que eram quase invisíveis — resumiu o agora cardeal Cristobal Lopez Romero, de Rabat, capital do Marrocos, país majoritariamente islâmico. Outro nome de destaque no novo grupo de cardeais é Michael Czerny, 73 anos, um jesuíta canadense nascido na República Tcheca. Colaborador próximo de Francisco, Czerny é um dos líderes do chamado Sínodo para a Amazônia, que começa hoje e discutirá temas polêmicos como a possibilidade de ordenação de homens casados, o que romperia a milenar tradição de celibato do clero católico.