07 de março de 2017

O DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA DOS ANOS 30, A CIDADE DO SAMBA E OS CARROS ALEGÓRICOS!

1. Os problemas com 2 carros alegóricos no desfile das escolas de samba de 2017 estimulou a memória da dinâmica e das mudanças nos desfiles e nas escolas. Era um problema comum com os carros alegóricos, inclusive com destaques famosos que despencavam. Os carros alegóricos eram armados na própria concentração. O guindaste Carvalhão era um personagem do desfile.

2. Os desfiles como evento surgem nos anos 30, com o prefeito Pedro Ernesto, que “descriminalizou” os grupos de samba e oficializou os desfiles. A inclusão da expressão “escolas” que não existia antes, foi uma maneira de Pedro Ernesto poder subsidiar os grupos de samba que passaram a incluir obrigatoriamente a expressão “Escolas” para receber o subsídio.

3. Os carros alegóricos não faziam parte dos desfiles. Tinham seu próprio desfile na avenida Rio Branco: as Grandes Sociedades.

4. A mudança nos desfiles veio com o Salgueiro, de Fernando Pamplona, Maria Augusta e Joãozinho Trinta, a partir do desfile de Chica da Silva. Os carros eram proibidos de levar pessoas. Eram divisores de alas e pequenos cenários. “Chica da Silva” desfilou no chão com a mesma e rica fantasia que disputou o concurso de fantasias no Theatro Municipal.

5. Pamplona e equipe foram introduzindo, no desfile, modalidades que se apresentavam em outros momentos e lugares durante o carnaval. Com a ida de Joãozinho Trinta para a Beija Flor, ocorreram mudanças mais radicais. O samba enredo, que era sincopado, foi acelerado e passou a ser um samba-marcha. As alas deixaram de ser o espaço dos passistas e adotaram o modelo dos grandes blocos (Cacique de Ramos e Bafo da Onça) e passaram a desfilar de forma compacta.

6. O monta e desmonta das arquibancadas e camarotes criava dificuldade para os desfiles até a construção da Passarela do Samba por Brizola. A privatização da gestão dos desfiles, em 1994, reduziu fortemente as despesas da prefeitura e permitiu introduzir tecnologia especialmente no som. O tradicional “atravessou o samba” na avenida, em que uma ala cantava um trecho e outra outro trecho terminou.

7. Os galpões das escolas espalhados pela área portuária e a produção de fantasias e adereços espalhados na região das comunidades-base das escolas tiravam qualidade na preparação das escolas para o desfile. E veio a proposta por parte da Liesa, em 2002 (inaugurada em 2006), de se reunir as escolas do grupo especial num só espaço com galpões desenhados para a “construção” dos desfiles.

8. As “fábricas” das escolas de samba partiram de 2 conceitos: espaço livre com enorme altura para a construção dos carros alegóricos que antes eram montados na concentração nos desfiles. E toda a confecção de fantasias e adereços passou a ser feita nos andares da “fábrica”. Isso deu ao carnavalesco a possiblidade de visualizar muito melhor seu planejamento e dar a unidade visual ao que pensava.

9. Então, os carros alegóricos –e o próprio desfile- sofreram uma significativa mudança. Os carros alegóricos, que eram cenários das alas, passaram a ser –eles mesmos- uma ala com figurantes em todos os lados. A altura dos carros alegóricos triplicou e a largura passou a ocupar toda a avenida.

10. Carnavalescos como Paulo Barros -que entenderam as mudanças vindas da Cidade do Samba, construção dentro da “fábrica”, unidade visual e a o uso da amplitude dos carros alegóricos- ganharam um forte diferencial.