07 de maio de 2015

AJUSTE FISCAL: PRODUTIVIDADE E COMPETITIVIDADE!

1. Um desdobramento problemático dos ajustes fiscais produzidos na Europa após a crise de 2008 tem sido a estagnação ou queda da produtividade das economias que adotaram estes ajustes. Mesmo os ajustes menos agressivos que vieram da crise, como no Reino Unido, tiveram esse desdobramento.

2. As exceções à regra têm sido e continuam sendo os Estados Unidos e a Alemanha, talvez pela atratividade e segurança que têm para os capitais financeiros, que migram.  Mas o fundamental, nestes dois casos, é que desde a resposta a crise, imediatamente após a implosão financeira de 2008, foram adotadas medidas e estímulos ao crescimento da produtividade com suas repercussões na competitividade das suas economias.

3. Mas nos demais acaso da Europa, o ajuste fiscal gerou reações econômicas defensivas no setor privado e um foco único no setor público. E a produtividade estagnou, quando não caiu, e a competitividade, naturalmente acompanhou. Com a rigidez do Euro, que impede a flexibilização cambial como forma de dar competitividade ao comércio exterior e a atração de capitais, esta estagnação se espalhou.

4. Portugal, Espanha, Itália, Grécia, França e até a Inglaterra, etc. Na América do Sul esse processo foi reforçado pela queda dos preços das commodities e em especial do petróleo. A resposta populista em casos como Venezuela e Argentina trouxe de volta a estagflação tão comum nos anos 70 e 80.

5. O Brasil inicia um processo de ajuste fiscal – inicialmente com maior rigor de caixa e medidas legais em discussão no Congresso Nacional. Até pela natureza do ministro da fazenda, com origem no mercado financeiro, só há um foco: ajuste fiscal pelo lado das despesas e das receitas.

6. Essa é a mesma receita adotada nos países europeus e que os têm feio afundar em relação à produtividade e a competitividade. Mas no caso do Brasil não há a rigidez do Euro e a válvula de escape é o câmbio e a inflação. É verdade que estes ajudarão o ajuste fiscal, mas não a produtividade e a competitividade da economia. Muito pelo contrário.

7. Como o ajuste fiscal está apenas no começo, seria básico que, simultaneamente, o governo adotasse medidas de apoio e incentivo ao desenvolvimento tecnológico e outras medidas que evitem prosseguir o desmoronamento da competitividade da economia, que vem ocorrendo nos últimos anos e que num quadro de ajuste fiscal exclusivo pode ser perigosamente acentuado.

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ELEIÇÕES HOJE NO REINO UNIDO: VOTO ESTRATÉGICO NUM SISTEMA DISTRITAL SIMPLES!

(Timothy, Garton Ash, Professor na Universidade de Oxford, Especial para Estado de SP, 07) 1. Esta eleição geral definidora de país é a mais europeia que a Grã-Bretanha já viu. Com um papel crucial desempenhado por partidos menores e políticas divergentes em diversas regiões ou nações dentro do Estado, o desfecho quase certamente será um governo de coalizão ou de minoria: tudo assustadoramente não britânico e tipicamente continental.

2.  Mas esta mais europeia das eleições pode levar a Grã-Bretanha a sair da União Europeia (UE) e a Escócia, em seguida, a abandonar o Reino Unido. Pode significar também cortes drásticos em algumas áreas dos gastos públicos e mais desigualdade, em especial na Inglaterra, e uma nova erosão das liberdades civis. Como eleitor inglês, são essas as coisas que desejo evitar.

3. A maioria dos editoriais de jornais e revistas pré-eleitorais da Grã-Bretanha terminou nos conclamando, como nos velhos tempos, a optar por trabalhistas ou conservadores. Agora, as únicas duas pessoas com claras chances de ser primeiro-ministro são David Cameron e Ed Miliband, mas minha escolha como eleitor inglês individual é mais complicada do que isso.

4. Se tivéssemos um sistema continental de representação proporcional, eu poderia votar no partido do qual me sinto mais próximo, certo no conhecimento de que isso aumentaria sua presença no Parlamento e suas chances de moldar o novo governo. Não é assim em nosso sistema de maioria simples, que não é adequado ao tipo de política europeia com a qual a Grã-Bretanha topou.  Em muitos distritos eleitorais ingleses, o eleitor não terá de fato nenhuma chance, já que haverá as “cadeiras garantidas” para um candidato trabalhista ou conservador. Ouvi alguém dizer no rádio que sentia que seu voto não tivera nenhum valor em 40 anos.

5. Isso, às vezes, significa votar com a cabeça e não com o coração. Na Grã-Bretanha, isso se chama, tradicionalmente, uma “votação tática”, o que tem uma conotação levemente pejorativa. Mas o cientista político de Oxford, Stephen Fisher, considera que quase um a cada dez eleitores britânicos fez isso no passado, influenciando os resultados de aproximadamente 45 cadeiras. Mais de nós devemos fazê-lo desta vez, e deveríamos vê-lo como uma votação estratégica, e não tática.

6. Algumas partes desta escolha estratégica são um tanto espinhosas. Claramente, se, para o bem da Inglaterra, você quer manter a Escócia no Reino Unido, então você tem de manter o Reino Unido na União Europeia.  Os trabalhistas têm uma política europeia mais racional e construtiva do que os conservadores. Mas não estou nem um pouco convencido de que cinco anos de um governo trabalhista de minoria, fraco, com palpável influência do PNE atiçando as chamas do ressentimento inglês e os conservadores mantendo a própria unidade interna desancando a Europa, ajudados e incentivados em ambos os aspectos pelo anti-Escócia Sun, nos colocariam numa posição melhor para ganhar um referendo sobre permanência que certamente virá, cedo ou tarde.

7. Alguns desses julgamentos podem ser complicados, mas a mensagem geral é clara: vote com a cabeça. Assim, se você for inglês e estiver indeciso entre trabalhistas e conservadores precisa antever que os trabalhistas serão dizimados na Escócia. Assim, se estiver preocupado com o equilíbrio geral no Parlamento de Westminster, essa é uma boa razão para votar nos trabalhistas por lá. Se, ao contrário, estiver numa vertente conservadora-liberal-democrata, não desperdice seu voto nos trabalhistas.

8. Por todas as prioridades que mencionei, é importante que haja um núcleo duro de talvez 35 representantes liberal-democratas capazes de uma coalizão com trabalhistas ou conservadores ou de influenciar um governo de minoria de esquerda ou de direita.  Eles também seriam fortes o bastante para levantar uma bandeira parlamentar por nossas muito desgastadas liberdades civis – uma questão pela qual os dois maiores partidos têm se mostrado cronicamente indiferentes.

9. Em suma: os ingleses precisam votar estrategicamente para que o centro liberal se mantenha. Desta vez, isso significa o centro liberal não somente da política britânica, mas da própria Grã-Bretanha.

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DIRETORES E CONSELHEIROS DO FUNDO DOS FUNCIONÁRIOS DOS CORREIOS SÃO OS RESPONSÁVEIS PELO ROMBO!

(Estado de SP, 06) 1. Após seis meses de investigação, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) chegou à conclusão de que os diretores e conselheiros do Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios, foram responsáveis por parte do rombo de R$ 5,6 bilhões no plano de benefício definido dos participantes do fundo. A constatação está em dois relatórios confidenciais, aos quais o ‘Estado’ teve acesso.

2. De acordo com os documentos da Previc os gestores “não agiram com zelo e ética”. São acusados de má gestão e de não observar, sobretudo, a rentabilidade dos fundos onde depositaram o dinheiro dos participantes. Entre os investimentos que levaram o fundo a apresentar esse déficit bilionário estão aplicações em títulos de bancos liquidados, como Cruzeiro do Sul e BVA, e investimentos atrelados à dívida de países com problemas, como Argentina e Venezuela.

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DISTRIBUIDORAS DE VEÍCULOS DEMITEM 8 MIL QUE PODEM CHEGAR A 38 MIL NO ANO!

(Folha de SP, 06) 1. Ao encerrar mais um mês com queda nas vendas de veículos, a Fenabrave (federação que reúne as distribuidoras de autos) revisou para baixo as projeções para 2015 e mostrou que o fechamento de postos de trabalho já é um problema no setor.  Segundo a entidade, 12 mil funcionários foram demitidos no primeiro quadrimestre de 2015. A causa está no fechamento de 250 concessionárias autorizadas no Brasil, motivado pelo encolhimento do mercado.

2. Os dados da Fenabrave mostram que os emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves recuaram 18,4% nos primeiros quatro meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2014. Por isso, a federação das distribuidoras passou a acreditar que a queda no acumulado do ano chegará a 18%.

3. No início do ano, as 8.000 concessionárias autorizadas instaladas no país empregavam 411 mil funcionários. Caso a previsão de queda se confirme, a federação acredita que outras 550 lojas serão fechadas, o que totalizará uma queda de 10% no número de estabelecimentos. Com isso, seriam fechados cerca de 38 mil postos de trabalho, número que poderá ser compensado em parte pela abertura de novas lojas.