07 de julho de 2014

EXTRA (06/07) ENTREVISTA CESAR MAIA CANDIDATO A SENADOR!

1. Extra: O senhor deixou de ser candidato a governador para ser candidato a senador no chamado “Aezão”, que, no Rio, apoia o senador Aécio Neves (PSDB) em sua campanha a presidente e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) à reeleição. Isso é um passo atrás na sua carreira? CM: Não foi uma decisão minha. Foi uma decisão colegiada que tomou como prioridade a eleição presidencial, num momento em que os dois candidatos a presidente se uniram na chapa majoritária do Rio, o que obrigou todos os que estão com Aécio a se unir também. (Cesar se refere à aliança que o senador Lindbergh Farias, do PT, fez com o deputado federal Romário, do PSB. Os dois partidos têm candidatos à Presidência).

2. Extra: Agora, o senhor passa a pertencer ao grupo do prefeito Eduardo Paes (PMDB), com quem rompeu politicamente… CM: Não existe grupo de nenhum de nós. O que existem são partidos e lideranças políticas. Acho que o gesto do PMDB, de abrir mão de sua principal liderança no Rio de Janeiro para que o DEM, o PSDB e o PPS possam entrar na chapa majoritária é o gesto mais importante. / Extra: O senhor acha que tem mais chances de ser eleito senador do que Cabral teria? CM: Eu não posso dizer isso. O Cabral vinha liderando as pesquisas para o Senado. O PMDB tem a direção do governo do estado há oito anos. Esse risco é um risco mais grave do que ganhar ou perder a eleição para o Senado. Então, isso é o que prevalece. Essa decisão foi tomada com base no interesse da eleição do Aécio (presidente) e no interesse da eleição do Pezão (governador). O movimento que Aécio Neves fez no Rio junto com os partidos que lhe dão apoio nacional — DEM e PSDB — é um movimento que fortalece a candidatura de Pezão e fortalece a candidatura dele (de Aécio).

3. Extra: O que mudou nos seus planos de quando o senhor era candidato a governador para agora, que é candidato a senador?  CM: As ideias não mudaram. Estou fazendo uma lista de 25 pontos que o senador vai defender e grande parte desses pontos é o que eu ia defender como candidato a governador. Por exemplo, o fortalecimento e dignificação do servidor público; a garantia de continuidade dos recursos que estão sendo aplicados no Rio, com Aécio Neves; os recursos garantidos para Saúde, Saneamento e Educação… Enfim, você muda o verbo. Você sai do “executarei” para o “garantirei, apoiarei” as mesmíssimas coisas.

4. Extra: A popularidade de Romário (candidato ao Senado pelo PSB) é um problema se contraposta ao seu histórico político na disputa pela vaga de senador do Rio? CM: Não é problema. Ele é um candidato forte, popular. Mas caminha numa faixa que não é exatamente a faixa em que eu caminho. Isso, para ele, é cômodo, e para mim também. O eleitor vai decidir entre personagens distintos. Pode ser uma campanha em que as posições são colocadas e que o eleitor possa perceber de um lado “Fla”; do outro lado, “Flu”; e decidir o que é melhor para o Senado. Acho que é uma eleição naturalmente de nível alto pelo perfil dos candidatos. Não sei como vai ser a de governador. Acho que essa vai ser mais estressante.

5. Extra: O senhor sempre fez discurso contra o PMDB. O eleitor vai entender que, agora, o senhor é aliado do partido? CM: O Eduardo (Paes) tem ajudado. Na medida em que ele se diferencia da minha candidatura, todas as críticas que eu fazia a nível municipal se explicam. São líquidos que não se misturam. Ele está me ajudando. Ele está dizendo uma coisa que me ajuda sem que eu precise dizer. Não preciso falar nada.  / Extra: A sua presença na coligação isola o prefeito no PMDB? CM: Ele tem todo o direito de não fazer minha campanha. Ele tem todo o direito de pegar os candidatos mais próximos a ele e dar a orientação que ele quiser. Será que isso afeta? Eu acho que não. Se ele fosse candidato majoritário, provavelmente, sim. Mas não é.

6. Extra: Eduardo Paes pode atrapalhar a campanha do senhor?  CM: Ao contrário, pode ajudar porque ele se diferencia de mim. Em nível da prefeitura, os servidores, que são multiplicadores, dizem “não, realmente o Cesar está com uma posição distinta da dele”. Ele é que está dizendo. Não sou eu. Agora, na hora em que o Pezão faz lei que reforça, fortalece o servidor, é positivo. (Em junho, o governador enviou à Alerj 45 propostas de reajustes para servidores, incorporações de gratificações e plano de cargos). / Extra: Vocês combinaram isso?  CM: De jeito nenhum. / Extra: Você pode dizer “Deus ajudou”? CM: Ajudou. Eu soube pelo (deputado estadual) Luiz Paulo e fiquei entusiasmado. Por que o Pezão toma essa decisão? Porque essa imagem de que o PMDB não tinha o servidor como prioridade tinha entrado. A medida é tomada para essa imagem não se cristalizar. A prefeitura não. Tem um monte de categorias que, de vez em quando, faz uma greve de 24 horas. Estão pressionando para ver se ele (Eduardo Paes) faz 45 projetos de lei…

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CURIOSIDADES NA ÚLTIMA PESQUISA DATAFOLHA!

1. Na verdade, o que de fato mudou nessa pesquisa foi o Não Voto (abstenção+brancos+nulos). O Não Voto de julho voltou a ser o mesmo de maio. Com isso, Dilma teve agora 38% e em maio 37%. Aécio repetiu os 20% e os demais 18% agora e em maio 16%.

2. Os que não têm interesse na eleição são 36%. Mas no cruzamento com o ruim+péssimo se Dilma são 45%. Um número que ajuda Dilma, pois gera uma transferência potencial de votos hoje de quem a rejeita para o Não Voto e não para seus adversários.

3. O Não voto entre os homens são 18% e entre as mulheres 29%. A soma dos adversários de Dilma entre os homens é de 43% e entre as mulheres é de 34%. A oposição deve apontar para as mulheres com seus compromissos e símbolos.

4. Em nível regional e social os vetores são os mesmos das últimas pesquisas. No Nordeste, Dilma dispara sobre Aécio: 55% x 10%. No Sudeste a intenção de voto está empatada: 28% x 27%. Renda até 2 SM Dilma tem 45% x 13% de Aécio. Mais de 10 SM Dilma tem 30% e Aécio 39%. Até ensino fundamental Dilma tem 47% e Aécio 14%. Nível superior Dilma tem 25% e Aécio 36%. Entre as mulheres Aécio tem 17% e entre os homens 24%.

5. Dilma tem 38% das intenções de voto. Mas entre os jovens (até 24 anos) tem 33% e nas RMs (incluindo as capitais) 32%. Ótimo+Bom de Dilma 35% e Ruim+Péssimo 26%, números semelhantes a maio e junho,

6. Entre os eleitores que se dizem simpatizantes do PT, Dilma tem 78%%. Entre os que se dizem simpatizantes do PSDB, Aécio tem 61%. Entre os que não têm simpatia por partidos Dilma tem 31% e Aécio 20%. Entre os que acham Dilma ruim+péssimo Aécio tem apenas 34%. Polarização ainda não ocorreu.

7. Entre os que são contra a Copa, Dilma e Aécio empatam com 25%. Entre os que são a favor, Dilma vence 45% x 19%.  Aécio fica com a mesma intenção de voto, mas Dilma sobe.

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O CUSTO FINANCEIRO DOS ESTÁDIOS DA COPA!

(Folha de SP, 07) 1. Assim que o apito final soar no Maracanã no próximo domingo (13), a maior parte da fatura da Copa começa a ser cobrada de Estados, empresas e clubes de futebol que se endividaram para construir ou reformar os estádios usados durante o Mundial.  O carnê é caro. Para garantir arenas com o padrão Fifa, os responsáveis pelas obras pegaram emprestados R$ 4,3 bilhões de bancos públicos e de um fundo de desenvolvimento regional.

2. O valor total do financiamento chegará a R$ 6,7 bilhões, considerando os juros que serão cobrados nos próximos 13 anos.  A estimativa de gastos com juros –R$ 2,4 bilhões– foi feita por Jorge Augustowski, diretor-executivo de economia da Anefac com base na cópia dos contratos disponíveis na página da Transparência do governo federal na internet.  Com esse dinheiro, seria possível construir duas arenas como o Itaquerão.

3. Dos 12 estádios usados durante o torneio, 11 tiveram suas obras bancadas, em parte, com o dinheiro emprestado pelos bancos. Apenas o Mané Garrincha, o mais caro (R$ 1,4 bilhão), foi erguido usando somente recursos do caixa do Distrito Federal.  No total, os 11 estádios custaram R$ 7,1 bilhões. Nessa conta está incluído o custo dos juros de quatro arenas.

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O PÚBLICO E O PRIVADO ANTES E AGORA NA ERA DIGITAL!

(Daniel Innerarity, professor de Filosofia Política e da London School of Economics – El País, 04) 1. Pensemos em círculos concêntricos em cujo interior se encontra a área da afetividade e da idiossincrasia, da família e dos amigos, do imediatismo onde nós somos o que realmente somos, enquanto a sociedade seria o círculo externo, regida por regras universais onde estamos sujeitos as convenções e ao anonimato, se não a simulação e a falsidade. Temos uma ideia do privado como aquilo que não está ao alcance de todos, incomunicável e inacessível, algo bem diferente do social.

2. Este é uma privacidade que poderia ser chamado de 1.0, cuja reivindicação e defesa no mundo digital não tem sentido. E inclusive podemos estar querendo um tipo de privacidade que na verdade nunca existiu (exceto, talvez, no espaço lotado e anônimo das cidades), como pode atestar qualquer pessoa que tem uma experiência de vida nas zonas rurais, onde há instituições de controle usadas por sistemas totalitários.

3. Com toda revolução de informação, se modificam as condições do que podemos considerar público e privado, que precisam ser repensados, juntamente com o próprio e o comum, a privacidade e os direitos. Na sociedade das redes precisamos de novas maneiras de institucionalizar as relações entre o público e privado. Nós temos que fazer isso porque onde antes havia causalidade, agora existe correlação; ao invés de espionagem, falamos de monitoramento; substituímos os crimes e as doenças pelas propensões; o provável foi substituído pela probabilidade.

4. Se a imprensa obrigou a humanidade a pensar na proteção da privacidade, da liberdade de expressão ou dos direitos de autor, o mundo dos “big data” (termo popular usado para descrever o crescimento, a disponibilidade e o uso exponencial de informações estruturadas e não estruturadas) faz com que voltemos a colocar essas tarefas em condições igualmente difíceis.

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DUAS  NOTAS INTERNACIONAIS!

1. (efe, 06) Egito corta os subsídios à gasolina. O Governo subiu o preço dos diversos tipos de gasolina entre 40% e 78% para reduzir o déficit público em bilhões de libras em subsídios. O marechal Al Sisi assumiu a presidência em junho. Com esta decisão, o Governo egípcio pretende reduzir a elevada fatura dos subsídios estatais aos combustíveis, que consomem até 20% do orçamento público. A medida se enquadra num plano de cortes para reduzir o déficit público de 13% para 10% do PIB.

2. (El País, 06)  Referendo sobre a Independência da Escócia. Ademais de poder desfazer o Reino Unido, a união da Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte, os escoceses que decidirão em 18 de setembro num  referendo por sua independência onde podem votar 4,2 milhões de cidadãos incluídos os cidadãos da União Europeia e da  Commonwealth, que sejam residentes. Se aprovado se estabeleceria um precedente soberanista exitoso, capaz de estimular os apetites da emulação no exterior e descompor delicados status.