BASE ALIADA ENVERGONHADA, DISRAELI, OPOSIÇÃO B E MÍDIA!
1. Há dois tipos de oposição no Brasil. A oposição A, que é aquela que se coloca como; e pode ser alternativa de poder, seja por um partido como PT, seja com um bloco, incluindo, por exemplo, o PCdoB. Mas há também a oposição B, que é aquela que não é e nem se coloca como alternativa de poder, tem representação mínima e seus pouquíssimos parlamentares se alternam nos microfones e estão sempre disponíveis para a imprensa, especialmente à TV. O PSOL é um caso claro de oposição B, com seus 6 deputados, apenas metade eleita pela sigla.
2. A oposição B só tem a função de exaltação. Por que então a imprensa –especialmente a TV- oferece tanto espaço para a oposição B? A resposta é simples. A lógica da oposição B é semelhante à da imprensa, especialmente numa conjuntura de crise como a atual. Daí ocorrer uma natural convergência.
3. A grande imprensa não é e nem se coloca como alternativa de poder. Mas, num quadro de desgaste do poder executivo, suas críticas são naturalmente sistemáticas, sincronizadas com os fatos e a audiência, ou seja, a opinião pública. Por essa razão, a convergência com a oposição B é espontânea.
4. Neste momento, em função do desgaste do poder executivo, setores da base aliada procuram se afastar do governo, evitando desgaste e mirando a eleição de 2018. Ilusão treda. Dentro da base aliada isso ocorre com parlamentares menos orgânicos e com militantes mais jovens. Esses, como disputam espaço com jovens de oposição e junto à opinião pública, procuram se afirmar como oposição dentro de seus partidos.
5. Segmentos da base aliada que afirmam querer se afastar do governo tentam mostrar as suas “coerências” ao afirmar que continuam defendendo as reformas propostas pelo governo Temer. Mas não levam em conta que não cabem no campo das alternativas ao governo e o máximo que podem conseguir é eleger deputados e ser oposição ao governo eleito em 2018.
6. A base aliada “envergonhada” poderia aprender com o primeiro ministro da Grã-Bretanha Benjamin DISRAELI, no seu quinto período de governo (1874 – 1880). Após a formação do bloco dos Três Imperadores (Alemanha-Áustria-Rússia), Disraeli, 1878, concluiu que o melhor era se somar ao Império Otomano – decadente.
7. O fortalecimento do bloco dos Três Imperadores colocaria em risco uma expansão do Império Russo, controlando o Bósforo e Dardanelos e garantindo a saída da Rússia, pelo mar Negro, para o Mediterrâneo e o controle do Mediterrâneo Oriental. E, como consequência, a expansão da Rússia para o Oriente Médio.
8. Colocando na balança as alternativas, o grande estadista Disraeli não teve dúvidas em apoiar o Império Otomano contra o bloco dos Três Imperadores, especialmente de olho na expansão russa. A diplomacia britânica da época lembrava que o apoio ao decadente Império Otomano era o único caminho possível para impedir a pior alternativa, que era a expansão da Rússia pelo Mediterrâneo.
9. A base aliada envergonhada deveria pensar muitas vezes e entender que se apontar suas baterias contra o presidente Temer, na prática, estará se comportando como oposição, ou na lógica da mídia. Mais grave ainda, fortalecendo a oposição A como alternativa de poder.
10. Que a base aliada envergonhada pense bem antes de, ingenuamente, fortalecer a oposição, inclusive contra as reformas que ela diz defender. Para reforçar suas reflexões, poderiam ler o capítulo 6 do livro Diplomacia, de Henry Kissinger.