POR QUE CRESCE A SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA NO RIO DE JANEIRO!
1. A sensação de insegurança da população é proporcional aos roubos (subtração de coisa alheia, mediante grave ameaça ou violência). A criminalidade é medida internacionalmente pelos homicídios dolosos ocorridos. Suas altas taxas e, em especial, os casos de latrocínio (roubo seguido de morte) levam a insegurança pessoal ser ampliada pelos riscos desses casos extremos. Mas são fatos, em geral, externos às pessoas.
2. Mas a razão primária de sensação de insegurança das pessoas e das famílias são os roubos. Os manuais de segurança nas ruas indicam os riscos em função de porte de dinheiro, de joias, de celulares… Sugerem reduzir a ostentação e até usar documentos autenticados e não originais. Orienta-se sobre os locais e horas de maior risco para as pessoas. Medidas de segurança nas residenciais e lojas. Nenhum manual sugere o uso de coletes à prova de balas para se sair às ruas. Esses manuais não contêm os riscos de homicídios dolosos.
3. A percepção de insegurança, além dos níveis efetivos de insegurança, afeta a política de segurança pública com exigências, por parte das pessoas, que levam os governos a realocar recursos humanos e materiais inutilmente. Todos se lembram da epidemia de cabines da PM que contaminou o Rio nos anos 80 e 90 e que só imobilizava os policiais, fragilizando o policiamento ostensivo.
4. Depois vieram outras iniciativas que também tinham como objetivo iludir as pessoas sobre a existência de policiamento: polígonos de segurança com carros e barracas fixados em alguns locais de maior tráfego, mudanças das cores, redesenho de nomes nos carros da polícia, luzes e sirenes, torres de observação…, e por aí vai.
5. Entre 2006 (último ano do governo anterior) e 2014 (último ano do atual governo), o número de roubos mensais registrados no Rio de Janeiro cresceram 28%. Um ciclo de fracassos. Os governos do Rio e de S. Paulo alardeiam a redução dos homicídios dolosos. Na verdade, uma curva declinante que começa ainda nos anos 90 resultante da mudança do roteiro e dos corredores de remessa de cocaína para a Europa. Antes eram os portos e aeroportos internacionais de S. Paulo, Rio, Espirito Santo e Recife. Aí estavam as altas taxas de homicídios dolosos pela vinculação direta e indireta com o tráfico de drogas.
6. Mas estes corredores na ponta de recepção foram transferidos para a África Ocidental e grande parte dos homicídios dolosos foi para o Nordeste (pela proximidade com Guiné…) e a facilidade de transportar a cocaína em avionetas ou barcos de tamanho médio e traineiras. Hoje as maiores taxas de homicídios dolosos estão nas capitais do Nordeste e não mais em S.Paulo e no Rio. As manchetes produzidas pelas secretarias de segurança do Rio e de S.Paulo, focalizadas nos homicídios, na verdade não espelhavam e não espelham o quadro epidêmico de insegurança pública.
7. A prioridade básica tem que ser em relação aos ROUBOS. É assim inclusive em tantos países de baixa violência. No Rio, o policiamento ostensivo foi desintegrado nos últimos anos. As UPPs não deixam de ser policiamento ostensivo localizado. Mas seu planejamento deve ser de tal maneira que não esvazie o policiamento ostensivo geral por falta de efetivos. Recentemente o secretário de segurança do Rio afirmou que a PM-UPP não participará mais dos confrontos. Se ocorrerem chamará efetivos tipo choque. Um sinal facilitador para o tráfico de drogas, desde que não confrontem e não gerem tiroteios. Uma tática no mínimo arriscada e discutível, já que esses ocorrem exatamente pela existência do tráfico de drogas no varejo e disputas de controle de pontos.
8. A retirada total da PM do Trânsito tem sido outro erro quando se sabe que essa presença tira a mobilidade do crime, permitindo o bloqueio em tempo real dos corredores ou áreas onde for necessário. Nos países em que o uso das motocicletas é generalizado, como Itália e Brasil, o crime organizado se beneficia disso e ganha mobilidade por dentro dos engarrafamentos que bloqueiam as viaturas policiais.
9. É urgente que o policiamento ostensivo volte às ruas do Rio. A falta de efetivos não é justificativa. Modelos de patrulhamento em grandes cidades em países ricos, em bairros mais violentos, certamente ajudarão. Ou mesmo aqui perto no Chile com os Carabineros. A convergência de funções primárias entre polícias civil e militar relativas ao início do processo de investigação, a presença preventiva de Guardas Municipais, etc., podem ajudar. Visitar os sistemas de patrulhamento remoto de Chicago e Londres é urgente para entender por que aqui as câmeras nas ruas não têm função preventiva ou ativa. Bem, isso tudo é urgente!
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HÁ ANOS QUE A COCAÍNA SAI DO BRASIL E PASSA PELA ÁFRICA OCIDENTAL!
(Jamil Chade – Estado de SP- 28/12/2010) 1. Por décadas, a droga que saía da Colômbia era embarcada diretamente para a Europa, em navios ou aviões que chegavam à Espanha e Portugal. Mas desde que esses governos passaram a adotar um controle mais rigoroso sobre as cargas e reforçar as fronteiras marítimas, o narcotráfico foi obrigado a buscar novas rotas. Segundo a Interpol, essas rotas passam agora pelos portos brasileiros, com a droga colombiana. Santos e os portos do Nordeste seriam os mais utilizados. Em 2009, por exemplo, cerca de 10% de toda a droga que chegou à Europa de navio e 40% da que chegou à França usou o Brasil como rota, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC).
2. A caminho da Europa, porém, essa droga passaria pelo norte da África e, lá, encontram grupos dispostos a ajudar fazer a mercadoria chegar até os europeus. Um dos principais grupos que se beneficiam desse “serviço” seria a AQMI, o Al-Qaeda no Magreb Islâmico. O grupo é relativamente pequeno – tem cerca de 300 membros na cúpula da organização na Argélia, Marrocos e Tunísia. Mas vem ganhando espaço político, midiático e tem operações organizadas de forma cirúrgica para atingir seus objetivos. Em 2007, por exemplo, promoveu em Argel o maior atentado contra a ONU.
3. Abdelmalek Sayeh, diretor do Escritório Nacional Argelino para a Luta contra a Droga, afirmou que, em 2008, 240 toneladas de cocaína haviam sido apreendidas no país, antes de ser levada à Europa. Em 2009, 52 toneladas foram identificadas apenas no Deserto do Sahel, no sul despovoado do país. Segundo ele, o produto viria do Brasil, Peru e Colômbia e ao usar o norte da África como rota para a Europa, deixava milhões de dólares para a Al-Qaeda. “A comunicação entre os traficantes de drogas e os terroristas ocorre na região do Sahel”, afirmou.
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FRANÇA: MARINE LE PEN ABRE VANTAGEM NO PRIMEIRO TURNO!
(Le Monde, 01) 1. Esta semana, duas pesquisas, uma do Instituto IFOP, contratada pela revista semanal Marianne, e outra do CSA, contratada pelo RTL, analisaram as intenções de voto dos franceses para a eleição presidencial de 2017, “se a primeira rodada fosse realizada no próximo domingo.”
2. Em ambas o resultado é o mesmo: Marine Le Pen vem em primeiro lugar no primeiro turno com um índice entre 29% e 31%, no caso do IFOP, e entre 29% e 33% no caso do CSA. Em todos os casos, o presidente da FN perde no segundo turno.