LAVA-JATO, IMPRENSA E POLÍTICA!
1. A operação Lava-Jato, em suas diversas partes, tem uma característica muito importante. As informações colhidas foram diretamente pelo Estado, ou seja, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. O jornalismo investigativo não está na fonte de nenhuma dessas informações.
2. Isso constrói uma relação pacífica e estável entre os meios de comunicação e os jornalistas investigativos. Esses disputam quem chega primeiro às informações colhidas por aqueles três sistemas. Assim, a imprensa suita os três sistemas, muito mais que investiga.
3. A relação entre as empresas de comunicação e seus jornalistas se torna estável e pacífica. Olhando a história do jornalismo, se verifica os constrangimentos que ocorrem quando um jornalista investigativo chega às informações que, divulgadas, contrariam ou criam constrangimentos comerciais ou mesmo políticos a seus empregadores.
4. Sendo assim, o campo de liberdade do noticiário -no Lava-Jato- é muito maior, pois as empresas de comunicação não precisam explicar nada, pois estão cobrindo e não descobrindo. Seus jornalistas atuam -e da mesma forma- com um amplo grau de liberdade, pois as informações secundárias que colherem não criarão constrangimentos às empresas de comunicação empregadoras.
5. Será apenas a lógica da concorrência por “audiência”: chegar na frente de uma notícia que estará disponível em breve e de forma geral. As fontes estão fora das empresas de comunicação e seus jornalistas. E, portanto, outras empresas ou empresários com que tenham relações próximas não têm o que pedir e a quem pedir.
6. Um caso clássico de constrangimento é o que envolveu o jornalista Edward R. Murrow (o mais importante radialista na segunda guerra), que encerrava seus programas na TV -de enorme prestígio- e com base investigativa, sempre repetindo Boa Noite, Boa Sorte (ver filme dirigido por George Clooney). Os interesses da CBS e a tentativa de intervenção em seus textos foi vista por Murrow como quebra de liberdade de imprensa e esse preferiu demitir-se em 1954.
7. Agora recentemente (março de 2015), no México, o mesmo ocorreu com a jornalista e radialista Carmen Aristegui, com o programa de maior audiência, de investigações e denúncias. Sua equipe ao chegar aos “porões” do “palácio” onde morava o presidente Peña Nieto -que ela chamou de Casa Branca- e demonstrar que se tratava de favores de uma empresa contratista desde que ele foi governador do estado do México, levou o importante grupo de comunicação MVS a divulgar uma proibição da relação dela, de seu programa, com México-Leaks (de linha investigativa), criando um constrangimento que levou a sua saída (Ler El Despido de Wilbert Torre, Editorial Planeta Mexicana 2015).
8. A operação Lava-Jato não cria esses atritos entre as empresas de comunicação e seus jornalistas investigativos e analistas pelas razões acima. Por isso, a liberdade de ação dos jornalistas é ampla e a cobertura de muito maior alcance, profundidade e…, liberdade.
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DÍVIDA EM DÓLAR DAS EMPRESAS PRIVADAS BRASILEIRAS CRESCEU 130% EM 6 ANOS! UM OUTRO PROBLEMA!
(Estado de SP, 02) 1. De 2008 pra cá, a dívida externa do País cresceu 75%, para US$ 348 bilhões (sem considerar os empréstimos intercompanhia), segundo dados do Banco Central (BC). A parcela da iniciativa privada representou 61% (US$ 212 bilhões) desse total e cresceu 130% no período. O problema é que, com o dólar na casa de R$ 3,40, a dívida em reais aumentou. A redução da taxa de rolagem das dívidas do setor privado (títulos e empréstimos), caiu de 153% no primeiro semestre de 2014 para 95% neste ano. Uma taxa acima de 100% significa que foi possível refinanciar toda a dívida que venceu no período e ainda tomar novos empréstimos. Abaixo desse porcentual, o devedor não conseguiu (ou não quis) renovar o débito.
2. O crescimento do endividamento das empresas nos últimos anos já foi motivo de alerta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês). Em relatório recente, o IIF destaca que as dívidas das companhias brasileiras aumentaram muito rapidamente para níveis preocupantes. Já o FMI afirma que algumas empresas nacionais estão em situação de risco já que a dívida em dólar aumentou e os lucros diminuíram, como é o caso do setor elétrico.
3. A Fitch Rating, por exemplo, já promoveu 16 rebaixamentos de empresas em escala internacional este ano, além de 19 notas colocadas em perspectiva negativa. A Standard & Poor’s fez cerca de 40 revisões em menos de uma semana, a maioria seguindo o movimento do rating soberano colocado em observação negativa.
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JBS/FRIBOI ULTRAPASSA A VALE! MAIOR EMPRESA PRIVADA DO BRASIL!
(BBC, 31) 1. A empresa JBS, dona da marca Friboi, há algum tempo já é a maior produtora de carne bovina e a maior processadora de proteína animal do mundo. Mas desde o ano passado, acrescentou mais um título à sua coleção de superlativos. Após um aumento de 30% nas vendas, superou a Vale para se tornar a maior empresa privada do Brasil. A diversificação geográfica e de produtos explica a resiliência à estagnação da economia brasileira, segundo o presidente da empresa, Wesley Batista. Parte das operações da JBS está nos EUA, o que significa um grande faturamento em dólar. Além disso, se a crise faz o brasileiro deixar de comer carne bovina, impulsiona o consumo de frango – também produzido pela JBS.
2. Fundada pela família Batista em Anápolis, Goiás, a JBS tem uma história de sucesso incontestável, mas permeada por algumas polêmicas. Hoje, também é a maior doadora de campanha do país, tendo contribuído com mais de R$ 300 milhões só nas eleições de 2014. Qual o objetivo das doações? “Fazer um Brasil melhor”, promete Batista, em entrevista exclusiva à BBC Brasil. Mas se o objetivo é esse, investir em político não é arriscado? “Sem dúvida”, admite, acrescentando que o risco “faz parte”.