02 de janeiro de 2014

POR QUE UM GOVERNO QUE VINHA SENDO BEM AVALIADO PASSA A SER MAL AVALIADO QUANDO UM GOVERNANTE SE TORNA IMPOPULAR?

1. Muitos têm dificuldade de entender por que um governo que vinha sendo bem avaliado, de repente, passa a ser mal avaliado. Há duas razões –progressivas- relativas ao tempo. A primeira é a propaganda, que leva o eleitor de um local pensar que tudo aquilo que vê, lê ou ouve, está ocorrendo em outros bairros ou outras cidades. Mas o tempo e a interação entre as pessoas vão corrigindo essa percepção.  A segunda é o tempo, que leva o eleitor a dar ao governante uma espécie de carência para que aquilo que prometeu possa chegar a ele.

2. Mas há outra razão que diz respeito diretamente à popularidade do governante. Quando um governante tem avaliação pessoal positiva, o filtro do eleitor focaliza as virtudes do governo e as destaca. Com os defeitos, tem confiança que o governante que aprova irá corrigir os problemas progressivamente.

3. Mas quando um governante tem avaliação pessoal negativa, o filtro do eleitor focaliza os defeitos do governo e os destaca. Sendo assim, um mesmo governo que vinha sendo bem avaliado, quando muda a avaliação pessoal do governante, passa a ser mal avaliado.

4. Em 2013 ocorreu isso. Com as manifestações, a partir de junho, houve um choque de desprestígio que atingiu todos os políticos e, especialmente, os governantes, uns mais e outros menos. A essa impopularidade na pessoa dos governantes, simultaneamente ocorreu a mudança de foco –das virtudes para os defeitos- e os governantes passaram a ser imediatamente mal avaliados.

5. Podem-se buscar exemplos no mundo todo para definir uma regra. Com governantes bem avaliados há sempre governos bem avaliados. Mas não há governos bem avaliados com governantes mal avaliados. Para não se ir muito longe, o Chile de Piñera é exemplo disso. A imagem declinante do presidente contaminou seu governo, apesar dos inquestionáveis méritos e elogiados números.

6. A imagem de quem governa é fator capital. Não adianta responder à impopularidade com performance e medidas de governo. A política de imagem terá que ter este foco específico: a imagem. Um governo desastrado provavelmente terminará arrastando a imagem do presidente. Mas essa não é uma equação necessariamente simultânea. O velho jogo de criminalizar o adversário, de culpar causas externas, pode dar fôlego à imagem de quem governa, mesmo num caso desses. Vide Chávez, Maduro e Cristina Kirchner.

7. Recuperar a avaliação de um governo através de suas realizações, qualificando sua comunicação, é meta que pode resultar em curto prazo. Mas recuperar a imagem desbotada de um governante é tarefa de médio e longo prazo, certamente além da próxima eleição.

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MARINA, PV E O ANJO EXTERMINADOR!

1. Para as eleições de 2010, Marina foi recebida pelo PV de braços abertos. Até mudaram o estatuto naquilo que ela exigia. Dois anos depois ela saiu do PV criticando-o e prometeu criar seu partido, o que, aliás, acabará fazendo.

2. O problema é que Marina, ao sair atirando, implodiu o PV, que agora -em 2014- procura um caminho de sobrevivência.  Precisa colocar a sua marca e, para isso, precisa ter candidato a presidente e a governadores.

3. (Vera Magalhães – Painel – Folha de SP, 01) Posição. O PV vai defender o lançamento de Eduardo Jorge como candidato da sigla à Presidência em seu programa partidário de televisão, que vai ao ar amanhã. A legenda vai defender ainda a formação de chapas próprias nos Estados.

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CENAS EXPLÍCITAS DE CIÚME POLÍTICO!

(Folha de SP, 01) 1. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta semana que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, não deve ser visto como um herói salvador. A declaração foi dada em entrevista ao programa Manhattan Connection, do GloboNews, na segunda-feira.

2. Para FHC, o ministro atuou com perseverança e clareza no julgamento do processo do mensalão, mas não é o salvador da pátria.  “Eu acho que as pessoas descreem tanto das instituições que procuram sempre heróis salvadores.”. Questionado, o ex-presidente classificou uma possível candidatura de Barbosa à presidência de “aventura” e afirmou que é difícil imaginar o ministro do STF dentro da vida partidária.

3. “Ele não tem o traquejo, o treinamento para isso. Uma coisa é você ter uma carreira de juiz. Outra coisa é você liderar um país”, disse FHC.