CONGRESSO: 2019 – 2021: 2022!
(Cesar Maia) O resultado das eleições para as presidências do Senado e da Câmara não produziu nenhuma surpresa. Apenas reproduziu as eleições de 2018. O presidente do Senado, em 2019, foi escolha pessoal do presidente Bolsonaro, com intervenção pessoal e até presencial do ministro Onyx. A reeleição do presidente da Câmara em 2019 veio como desdobramento de seu fortalecimento junto à sociedade e que os deputados acompanharam. Seu poder de articulação vis a vis uma Câmara renovada e desestruturada, com deputados de pouca experiência parlamentar, em meio aos desdobramentos populistas de direita, abriu os caminhos para a reeleição do presidente da Câmara.
Os efeitos da pandemia no Congresso desarrumaram os partidos e imobilizaram as Comissões, onde os debates são muito mais orgânicos e relacionados com a opinião pública e a sociedade na tramitação dos projetos de lei. Com isso, o executivo, por natureza centralizado, passou a ser o poder político articulado com as lideranças de clientela individuais e esparsas. O crescimento das pressões sobre o impeachment presidencial priorizou a articulação inorgânica entre executivo e parlamentares individuais.
Os resultados das eleições municipais de 2020 assustaram o executivo e os parlamentares eleitos em 2018 e senadores com final de mandato em 2022. Com isso, os deputados e senadores -em maioria significativa- passaram a se fixar nas suas reeleições em 2022, com a sensação de um enorme risco eleitoral. Com os estados e municípios em situação fiscal precária, a demanda dos deputados em busca de suas reeleições, se dirigiu ao governo federal que os acolheu generosamente.
Quem imagina que as eleições para presidentes do Senado e da Câmara se relaciona com 2022, está redondamente enganado. A eleição de 2018 foi um ponto fora da curva. A eleição municipal de 2020 reordenou o quadro político nacional, e sinalizou para 2022, com uma renovação de fato do quadro de parlamentares e de governadores em relação a 2018. E tornou sem favorito a eleição presidencial.
Dessa forma, o parlamento de hoje e em especial as presidências do Senado e da Câmara nada terão a ver com 2022. No máximo, canalizarão as demandas dos deputados com vistas a reduzir seus riscos eleitorais evidentes, para 2022. A opinião pública eleitoral -em 2022 para as eleições Presidencial e Parlamentares- estará muito mais articulada com as eleições municipais de 2020. Portanto, 2021 responde ao quadro eleito em 2018, a pandemia, e seu desdobramento fiscal. A política de clientela que voltou a crescer, tem agora uma enorme fragilidade pelas características pulverizadoras com que passaram a ocorrer vis a vis com um executivo federal em processo sustentado de desgaste e apavorado com o impeachment em debate crescente.
Por tudo isso, a leitura apressada das eleições recentes para as presidências do Senado e da Câmara, muito em breve mostrará seus equívocos. Quem sobreviver a Pandemia, verá.